CENA 5: INTERNA. COLÉGIO ANGLO - BANHEIRO. DIA
A câmera mostra Jade comendo em uma das cabines do banheiro. Ela chora silenciosamente. De dentro de sua mochila ela tira um pequeno espelho. Ela se encara pelo objeto.
JADE - Como eu estou feia... Feia e obesa. Eu preciso parar já de comer.
Ela joga fora o sanduíche que comia e seca as lágrimas.
JADE - Eu não quero ter que sair daqui nunca mais.
Mais algumas lágrimas escorrem por seu rosto. Ela retira uma pequena lâmina de sua mochila e suspende a blusa do uniforme. Na região da barriga, ela faz um corte. Um pouco de sangue escorre, mas ela não se importa. O desconforto do corte parece a satisfazer.
A câmera foca bem em sua barriga e mostra ela se auto-mutilando. Aos poucos a imagem vai escurecendo e podemos ouvir apenas sussuros de lágrimas.
CENA 6: INTERNA. CASA DE VICTOR. NOITE
A noite já chegou. Victor usa uma camiseta branca de poliéster e uma jaqueta preta de um material que simula couro como sobreposição. Ele tem uma bolsa 'shoulder' de sarja preta pendurada transversalmente também. Uma calça jogger preta básica e um tênis casual, sem marca específica.
Ele chega até a cozinha. Márcia está passando uma pomada na boca (aonde levou o tapa de Dom), enquanto Eliza prepara uma comida.
VICTOR - Esse seu machucado nunca melhorou, mãe?
MÁRCIA - Não. Eu bati forte na porta, até agora ainda dói um pouco.
Ela disfarça.
ELIZA - Eu fico tão preocupada com o Victor indo para essas festas. Foi assim que o Thyago começou e deu no que deu.
VICTOR - Vó, eu jamais vou chegar nem perto de qualquer droga que a senhora imagine.
ELIZA - Você diz isso agora. No meio dos seus amigos a história é diferente. Todo adolescente é influenciável, meu neto.
VICTOR - Mas nem todo adolescente perdeu um irmão por causa disso. Eu tenho noção, vó. Confia em mim.
MÁRCIA - O Victor está certo. Eu confio no filho que eu tenho. Meu menino de ouro. Só não volte muito tarde, meu querido.
VICTOR - Nem posso. Amanhã eu tenho aula cedo. No máximo meia noite eu estou chegando em casa.
MÁRCIA - Conto com isso. Você e esse menino... Ítalo não é?
VICTOR - Sim, esse é o nome dele.
MÁRCIA - Vocês andam bem amigos. Fico feliz que você esteja com mais facilidade para fazer amigos. Antigamente você só falava com a Jade.
VICTOR - Eu ainda tenho bastante dificuldade. O Ítalo é uma excessão. Sei lá o porquê, mas... Ele é diferente. Eu me sinto bem com ele. Não sei explicar.
MÁRCIA - Que bom, querido. É sempre bom ter amigos para poder contar. Agora vai, se divirta.
CENA 7: INTERNA. CASA DE FESTAS - ENTRADA. NOITE
O local é iluminado apenas por luzes coloridas, típicas de festas para essa faixa etária. Victor e Ítalo entram no local.
VICTOR - Até agora eu não entendi direito de quem é essa festa.
ÍTALO - É uma reunião da elite adolescente de São Paulo em poucas palavras. Todos esses aqui presentes são filhinhos de papai, e muito provavelmente usuários de LSD.
Um fotógrafo chega até eles e os coloca em uma posição em frente ao painel do evento para uma foto.
CENA 8: INTERNA. CASA DE FESTAS - BAR. NOITE
SONOPLASTIA: https://youtu.be/JKBt13EkR88
Victor está sentado no bar tomando uma água. Alan chega até ele. Ao fundo o pop funk de Sonza toca um pouco estourado pelas caixas de som.
ALAN - Você por aqui, Vitinho... Não sabia que tinha como ser bolsista em festa, também.
VICTOR - Eu vim com o Ítalo.
ALAN - Quanto é que estão te pagando para ser amigo do suicida?
VICTOR - Tão me pagando em dólar. Mas você pelo visto está falido, afinal está sozinho aqui. Não sobrou dinheiro para comprar um amigo?
ALAN - Tá muito atravedinha, princesa. Boa de tomar uns murros.
Henrique que escutara o início da discussão de longe, se aproxima.
HENRIQUE - Com licença. Eu tô sentindo um clima meio pesado aqui. Algum problema?
ALAN - Você é quem mesmo?
HENRIQUE - Henrique Ventura. Muito prazer.
Henrique estende a mão para cumprimentar Alan, que gela ao escutar o sobrenome do rapaz.
ALAN - Filho do dono da Cosméticos Ventura. O prazer é todo meu. Me chamo Alan, sou o futuro herdeiro do grupo de holding LFX. Conhece?
HENRIQUE - Conheço, claro. Aliás, como andam os processos de corrupção do seu pai?
Alan fica um pouco sem graça.
ALAN - Eu... Eu vou ao banheiro. Boa festa para você, Victor.
Ele se dirige ao banheiro. Henrique toma um gole do gim que estava tomando.
HENRIQUE - De onde você conhece ele?
VICTOR - Meu colega de classe. Colégio Anglo.
HENRIQUE - Só podia. Esse colégio é o maior antro de bullys da nossa geração.
VICTOR - Não é como se eu pudesse desmentir.
HENRIQUE - Mas e aí? Você é filho de quem?
VICTOR - Ninguém que você conheça.
HENRIQUE - Deixe me ver... Você é um daqueles que diz ter conseguido emancipação financeira aos treze anos.
VICTOR - Não, eu realmente não sou filho de ninguém importante. Eu sou bolsista no Anglo.
HENRIQUE - Então você está aqui de penetra?
VICTOR - Não tenho coragem suficiente pra isso, eu vim com um amigo. A propósito, meu nome é Victor.
Ele estende a mão para cumprimentar Henrique, que logo com seu jeito um pouco sádico beija a mão do rapaz.
HENRIQUE - Estou encantado com vossa senhoria, princesa.
VICTOR - Vai tirando o olho que eu não sou para o seu bico, plebeu.
Henrique toma mais um gole de sua bebida e encara Victor, com um leve sorriso.
CENA 9: INTERNA. CASA DE FESTAS - BUFFET. NOITE
Ítalo está próximo a mesa do buffet se servindo. Paola (Júlia Oliver) que estava próxima se aproxima do rapaz.
PAOLA - Ítalo? É você?
ÍTALO - Quanto tempo, Paola...
Os dois se abraçam.
PAOLA - Realmente faz bastante tempo que a gente não se vê. Como você está?
ÍTALO - Eu estou bem, na medida do possível. Mas e você? Como você está?
PAOLA - Estou indo. Sempre na cola do avoado do meu irmão. Deve estar por aí.
ÍTALO - O Henrique continua do mesmo jeito?
PAOLA - Um pouco pior.
ÍTALO - Ele tem problemas com álcool?
PAOLA - Se fosse só isso. Ele abandonou a escola, e se envolveu com coisas um pouquinho piores que álcool se é que você me entende.
ÍTALO - Deve ser puxado para você, né? Vocês são gêmeos, mas no fundo você sempre acaba sendo meio que a mais velha.
PAOLA - Sim, é muito difícil. Mas eu amo o meu irmão, não trocaria ele por nada.
Paola bebe um gole de sua bebida. Ela encara Ítalo com um olhar um pouco convidativo.
PAOLA - Você veio sozinho?
ÍTALO - Na verdade eu vim com um amigo.
PAOLA - Entendi... Você namora com alguém?
ÍTALO - Paola, você acha mesmo que eu tenho condições de namorar alguém? Você me conhece desde criança, porra.
PAOLA - Mas você não vai ser para sempre uma criança, Ítalo. Uma hora você vai crescer. E namorar faz parte disso.
Ela passa as mãos sobre o colarinho do rapaz, e alisa o seu pescoço. Ele parece constrangido.
PAOLA - Quando eu era criança, eu falava para os meus pais que eu iria casar com você.
ÍTALO - É, eu também.
PAOLA - Talvez a gente devesse dar uma chance para isso. O primeiro amor a gente nunca esquece.
ÍTALO - A gente se beijou com doze anos, Paola. Não sei se isso conta como primeiro amor.
PAOLA - É modo de falar, besta. Eu só quero te beijar de novo.
Ela aproxima sua boca do ouvido de Ítalo e começa a sussurrar.
PAOLA - Ou talvez fazer algo mais. Agora nós já temos idade para isso.
Os pelos do pescoço de Ítalo se arrepiam pelo toque. Eles se olham. Ele esboça um sorriso amarelo um pouco envergonhado e ela parece sentir profundo desejo.
CENA 10: INTERNA. CASA DE FESTAS - BANHEIRO. NOITE
Paola e Ítalo entram no banheiro aos beijos. O beijo é um pouco desconcertado, talvez pela falta de vontade de Ítalo. Paola parece estar satisfeita.
Ítalo se encosta na pia e Paola começa a desabotoar a camisa de botão que o rapaz usava. Ele recua.
ÍTALO - Tem certeza que você quer fazer isso aqui no meio da festa?
PAOLA - A gente não está no meio da festa. É super normal isso acontecer em banheiros de festa.
ÍTALO - Ainda assim é um local público. Você se sente bem com isso?
Paola coloca o dedo na boca de Ítalo indicando que ele faça silêncio. Ela termina de desabotoar sua camisa e desce depositando beijos sobre todo o peitoral do rapaz. Ela passeia a língua por seus mamilos. Ítalo parece desconfortável.
Paola vai descendo os beijos até chegar a barra da calça de Ítalo. Ela passa a mão por suas partes, ainda por cima da calça, mas nota que o rapaz não está excitado. Ítalo se envergonha e se afasta da menina.
ÍTALO - Perdão... Eu não consigo.
PAOLA - Tudo bem. Fica tranquilo. Eu já esperava que isso acontecesse.
ÍTALO - O que você quer dizer com isso?
PAOLA - Você sabe Ítalo. Eu te conheço a bastante tempo. Tempo suficiente para saber algumas coisas sobre você.
ÍTALO - De que tipo de coisas você está falando?
PAOLA - Do fato que você é gay, por exemplo.
Ítalo gela ao ouvir a palavra 'gay'. Ele tenta falar algo para a menina, mas não consegue completar a frase.
CENA 11: INTERNA. CASA DE RAFAEL. NOITE
Kiara está deitada sobre a cama completamente nua. Em seus olhos, uma venda. Rafael se aproxima dela com um copo de whisky. Ele toma um gole da bebida e em seguida retira um cubo de gelo do copo, sobre o peito de Kiara que arfa.
KIARA - Vai com calma, por favor.
RAFAEL - Cala a boca.
Rafael pega o gelo que estava no peito de Kiara e vai descendo com a boca até chegar na vagina da menina. Ele coloca o cubo de gelo em cima do clitóris da garota e começa a praticar sexo oral na região. Enquanto pratica o ato, ele retira um consolo que estava em um balde de gelo ali próximo. Quando Kiara está prestes a ter um orgasmo, Rafael interrompe o ato. Ele lubrifica bem o consolo e penetra na menina, que geme.
Dentro de Kiara, Rafael faz movimentos de vai e vem rápidos. Ela tenta controlar os gemidos, mas não consegue pela intensidade de ato. Kiara tem o seu primeiro orgasmo da noite. Rafael passa a língua por sua extremidade para saborear o líquido que sai de sua intimidade.
Rafael vira Kiara de costas e amarra suas mãos na cabeceira da cama, deixando ela de quatro na cama. Ainda vendada, Rafael leva um pacote de preservativos até a boca da menina para que ela abra. Rafael coloca a camisinha sobre o próprio pênis e volta para perto das partes baixas de Kiara. Rafael lubrifica bem o pênis e passeia o membro na intimidade da garota, que geme em prazer. Sem mais nem menos, Rafael a penetra de costas e começa a estocar na garota com força.
CENA 12: INTERNA. CASA DE FESTAS - BAR. NOITE
Victor e Henrique estão sentados no chão, do lado de dentro do balcão. Henrique toma uma bebida em uma taça, aparentemente uma caipirinha ou alguma variante disso.
VICTOR - Você não acha que já bebeu demais por hoje não?
HENRIQUE - Que nada... Eu ainda nem acendi a verdinha.
VICTOR - Você fuma também? Seu objetivo é ter uma paralisia geral dos órgãos? Fígado, pulmão...
HENRIQUE - Que nada! A minha saúde só melhora, pode acreditar.
VICTOR - Sei... Me dá um golinho disso aí, vai.
Victor bibica a bebida de Henrique, e assim que engole faz uma cara estranha.
VICTOR - Que negócio ruim, namoral.
HENRIQUE - Tem que beber devagar besta, não é engolir tudo de uma vez não.
VICTOR - Te dei essas intimidades para você estar me chamando de besta, menino?
HENRIQUE - Você está sentado no chão do bar de uma festa comigo. Definitivamente você deu toda intimidade do mundo.
VICTOR - Se a minha mãe sonha com uma coisa dessas... Ela me mata. Eu perdi um irmão há pouco tempo. Perdi para o mundo das drogas.
HENRIQUE - Morreu de overdose?
VICTOR - Assassinado mesmo. Tava devendo para traficante.
HENRIQUE - Porra, sinto muito, mano.
Henrique coloca a mão sobre a de Victor. Ele cora um pouco. Os dois se entre olham com um sorrisinho de canto.
CENA 13: INTERNA. CASA DE FESTAS - BANHEIRO. NOITE
Ítalo fecha os botões de sua camiseta que Paola havia aberto.
ÍTALO - Como você sabe disso? Que eu sou gay...
PAOLA - Eu te conheço desde pequeninho, Ítalo. Você sempre teve uma aversão a qualquer relacionamento. Você poderia ser assexual ou qualquer outra sexualidade que englobe esse aspecto, mas sinceramente eu só acho que você não gosta de meninas. E está tudo bem.
ÍTALO - Você está certa. Eu realmente não gosto de meninas. Mas é que é complicado.
PAOLA - Complicado por quê?
ÍTALO - Por causa do meu pai. Ele jamais vai aceitar isso. E eu não quero decepcionar ele.
PAOLA - Ítalo, você tem essa fixação de ser um filho exemplar desde o fundamental. Mas se você parar pra pensar, o outro lado não está muito preocupado com você.
ÍTALO - Eu sei disso. Mas ele ainda é meu pai. É um filho da puta, mas é meu pai. E eu não quero perder ele também, já basta minha mãe.
PAOLA - Você não perdeu sua mãe. Ela está passando um tempo em um outro país. É bem diferente.
ÍTALO - Tempo indeterminado... Ela está em Paris há anos. Eu sinto a falta dela.
Paola segura a mão de Ítalo.
PAOLA - Você não está sozinho, Ítalo. A partir de agora você pode contar comigo. Mas me fala, tem algum menino que você goste?
A câmera foca nas expressões de Ítalo, que cora um pouco com a pergunta.
SONOPLASTIA: https://youtu.be/KxJqMAQDGg4
ÍTALO - Tem um menino que mexe um pouco comigo sim. Mas eu não sei se ele gosta de meninos também. Eu sei que ele gosta de uma menina, é completamente obcecado por ela.
PAOLA - Ítalo se tem uma coisa que eu aprendi na vida, é que tem coisas que a gente só consegue tentando. Eu fiquei sabendo do que aconteceu com você. Da sua tentativa de suicídio. Então, se por algum motivo esse menino te faz gostar da vida, se apega a ele. E foda-se o mundo. Fala pra ele o que você sente, o não você já tem.
ÍTALO - Será, Paola? Eu não quero estragar a minha amizade com ele. Ele me faz tão bem como amigo.
PAOLA - Não dá para passar a vida com medo de se arriscar. E se a sua amizade com ele acabar, pelo menos você ainda vai ter a minha.
Ítalo olha para Paola, pensativo.
CENA 14: INTERNA. CASA DE FESTAS - BAR. NOITE
Henrique e Victor ainda estão no chão. Victor toma mais um gole da bebida de Henrique.
VICTOR - Chega, eu não vou tomar mais. Se eu chegar em casa com bafo de bebida eu não saio mais nunca.
HENRIQUE - Relaxa. Essa aqui não deixa cheiro não.
VICTOR - Que horas são?
HENRIQUE - Eu tô bêbado demais para olhar no celular... Mas devem ser umas 5 da manhã.
VICTOR - Claro que não, tá maluco? Amanhã é dia de semana.
HENRIQUE - Foda-se também. Não tenho nada para fazer mesmo.
VICTOR - Quem me dera.
Victor encosta a cabeça para trás. Henrique passeia os olhos pelo corpo do rapaz, que estava um pouco marcado pela roupa.
SONOPLASTIA: https://youtu.be/sBzvvVG-_nU
HENRIQUE - Já te falaram que você é muito bonito?
VICTOR - Não que eu me lembre. Mas obrigado.
Henrique se aproxima mais de Victor, encostando suas mãos na cocha do rapaz. Victor cora com o toque.
HENRIQUE - Você beijaria um menino?
VICTOR - Eu... Eu não sei.
Henrique segura no queixo de Victor e aproxima sua boca da dele. Victor gela.
HENRIQUE - Você me beijaria?
VICTOR - Mano... Eu não sei. Você tá muito bêbado. Deve estar confundindo as coisas e...
Henrique sem mais nem menos beijar Victor, que a princípio tenta recuar, mas logo se entrega ao toque. As mãos de Henrique vão descendo para a barra da calça de Victor, que para o beijo.
VICTOR - O que você está fazendo?
HENRIQUE - Cala essa boca, caralho.
Henrique enfia a mão por baixo da cueca de Victor e começa a masturbar o rapaz. Victor estranha no começo, mas logo se rende ao ato e começa a soltar leves gemidos.
Por dentro da calça, Henrique masturba Victor com movimentos contínuos, às vezes passando o polegar mais lentamente sobre a glande do menino.
Henrique leva os dedos de sua outra mão a boca de Victor, para que ele os chupe. Logo ele também tira a mão que masturbava Victor e leva a própria boca, lambendo o pré-gozo que já estava ali.
VICTOR - Você não vai me deixar assim, né?
HENRIQUE - Se quiser que eu continue vai ter que fazer por merecer.
Henrique segura a mão de Victor e passa sobre sua ereção que estava marcada na calça. Logo ele leva a mão do rapaz para dentro da calça, para que ele o masturbe.
Quando Victor inicia o ato, Henrique volta a masturba-lo também. A câmera vai se afastando mostrando os dois masturbando um ao outro, ao mesmo tempo.
CENA 15: INTERNA. COLÉGIO ANGLO - DIRETORIA. DIA
Um novo dia já nasceu. Sônia está em sua sala trabalhando no computador. Alguém bate na porta.
SÔNIA - Pode entrar.
Manu entra na sala um pouco nervosa. Suas mãos estão geladas e suando, mas ela disfarça.
SÔNIA - Você é do segundo ano, correto?
MANU - Sim. Eu preciso falar com a senhora.
Manu se senta. Ela respira fundo e cria coragem.
MANU - Eu fiquei sabendo da quebra da bolsa de estudos que uma amiga minha da sala tinha. A Sarah.
SÔNIA - Se for sobre isso, esse assunto já está encerrado. Pode voltar para a sua sala.
MANU - Pode estar encerrado para a senhora, mas para mim não. Esses dias eu estava na enfermaria e eu acabei entrando no banheiro. E enquanto eu estava lá, eu vi uma certa mulher transando com um cara. Ela parecia estar gostando bastante.
Sônia gela.
SÔNIA - Uma mulher... E você sabe quem é essa mulher?
MANU - Sei muito bem. Eu infelizmente não tive outra opção há não ser filmar o que estava acontecendo ali. Afinal, ter relações sexuais no meio da escola é muito errado. A senhora não concorda?
SÔNIA - Claro, você está coberta de razão.
MANU - Então, caso essa mulher não queira ter o vídeo dela vazado... É bom que a minha amiga volte a ter a bolsa que ela conquistou por mérito próprio. Até porque a escola não deu nada, não fez nenhuma caridade. Ela fez por merecer.
Sônia bate sobre a mesa muito raivosa.
SÔNIA - Isso é um jogo comigo, garota? Você está blefando comigo. Eu tenho certeza.
MANU - Vai querer pagar pra ver? Se eu estivesse na sua posição, eu não arriscaria.
SÔNIA - Você não sabe com quem você está se metendo, menina.
MANU - Você que não faz ideia de com quem está se metendo. Eu acho bom que a Sarah continue na escola. Se não, já era para você.
CENA 16: INTERNA. COLÉGIO ANGLO - ÁREA EXTERNA. DIA
Sônia está conversando com Humberto na área externa da escola. Ele parece nervoso.
HUMBERTO - Você tem certeza que essa menina filmou?
SÔNIA - Eu não sei, Humberto. Eu não vi o vídeo. Mas eu também não arrisquei.
HUMBERTO - Está certa.
Humberto bate com força no carro que estava estacionado próximo, esbravejando.
HUMBERTO - Mas que merda, isso! Você conhece essa menina pelo menos? Conhece os pais?
SÔNIA - Não sei nada sobre ela. Ela é novata, entrou na escola no meio do ano.
HUMBERTO - A gente vai ter que dar um jeito nela antes que ela bote a boca no mundo.
SÔNIA - Calma, sem neurose. Ela é só uma menina.
HUMBERTO - Uma menina que pode foder com a minha vida. Eu sou um homem de respeito. Como você acha que vai ficar minha reputação depois de vazarem um vídeo meu transando na escola do meu filho, caralho?
SÔNIA - Você quer o que? Matar a menina, por acaso? Esfria essa cabeça. Nós vamos dar um jeito. E por enquanto a bolsa da Sarah continua.
HUMBERTO - Que seja.
[Encerramento]: https://youtu.be/3hi2U8t2ZBs
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