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Meninos e Meninas: Episódio 07

CENA 5: INTERNA. COLÉGIO ANGLO - PÁTIO. DIA 

O horário do intervalo já chegou. Sarah, Manu e Ítalo estão passeando pelo pátio lanchando. 

SARAH - Então quer dizer que vocês se beijaram? 

MANU - É... 

ÍTALO - Mas como foi? 

MANU - Foi muito bom. Foi diferente. Diferente de quando eu beijei a Jade. Dessa vez não tinha nenhum desejo sexual no meio, digamos assim. 

ÍTALO - Como assim? 

MANU - Eu estava conversando com a Sarah sobre isso há uns dias. Eu não me sinto atraída fisicamente por meninos. Então quando eu beijei a Jade, querendo ou não foi porque eu achava ela gata, atraente e não porque eu gostava dela de verdade. Foi só um beijo. Mas com o Victor foi diferente. Eu não fiquei pensando no corpo dele, no rosto ou em como ele é bonito. Eu só... Eu só fechei os olhos e fui. E era como se não existisse mais nada ao redor. Como se o mundo tivesse parado para a gente. 

Ítalo esmorece com as palavras de Manu. 

SARAH - Mas e agora? Vocês estão juntos? 

MANU - Não sei dizer. Quando a gente se beijou ele me disse que estava disposto a tentar. Só que depois deu toda aquela confusão na festa e a gente não se falou direito mais, só pelo celular. 

ÍTALO - Pra mim isso de tentar, significa que ele quer namorar com você. 

SARAH - Claro. Vocês dois precisam sentar, conversar e de preferência se beijar de novo logo pelo amor de Deus. Já foi muito tempo guardando isso aí. 

ÍTALO - Bom, independente do que aconteça eu espero que vocês sejam muito felizes. Eu vou no banheiro. 

SARAH - Está tudo bem? Você parece um pouco desanimado? 

ÍTALO - Tudo bem sim. Acho que foi porque eu vi o meu pai, sei lá... Sempre me faz um pouco mal. Agora deixa eu ir, que eu estou apertado. 

Ítalo se dirige ao banheiro masculino. Manu o observa, desconfiada.

MANU - Sabe de uma coisa? 

SARAH - O quê? 

MANU - Eu acho que o Victor ficou meio estranho depois que viu o Ítalo beijando aquele cara lá na festa. 

SARAH - Como assim? O que você está querendo dizer? 

MANU - Não sei... É uma dessas coisas que a gente não consegue nem verbalizar direito, mas a gente sente. Eu vi o olhar dele. Ele parecia irritado, enciumado, sei lá. 

SARAH - Eu acho que você está com um pouquinho assim de ciúmes. 

MANU - Não é ciúmes, eu vi. E principalmente agora que eu sei que tanto o Victor, quanto o Ítalo ficam com meninos também... 

SARAH - Calma, amiga. Não é porque eles ficam com meninos que eles nescessariamente vão ficar entre si. Eles são melhores amigos, porra. Tanto eu, quanto você também nos relacionamos com meninas. Mas a gente nunca ficou, porque nós somos amigas. 

MANU - Pode ser. Mas eu vi. Eu vi o olhar do Victor, ele não estava satisfeito com o que ele estava vendo definitivamente. 

SARAH - Acho que é paranóia da sua cabeça. E outra, o Victor estava ficando com o garoto que teve overdose na festa até um dia desses, pelo que ele falou. 

MANU - É... Talvez você tenha razão. 

CENA 6: INTERNA. COLÉGIO ANGLO - BANHEIRO FEMININO. DIA 

Evelly e Jade estão lado a lado no espelho. Evelly está lavando as mãos, enquanto Jade está terminando um delineado. Já fazia um tempo que a garota não se maquiava. 

EVELLY - Já faz um tempo que eu não te vejo mais com as suas roupinhas. O que aconteceu? Tomou vergonha na cara? Acho que não. 

Evelly diz se referindo as roupas mais largas que Jade usava agora, tendo abandonado o visual mais sensual que era característico dela. 

JADE - Eu estou passando por muitas coisas na minha vida, Evelly. Eu sei que você é uma puta de uma sem noção, mas antes de sair falando essas coisas para os outros você deveria pensar um pouco. 

EVELLY - O que foi? Está depressiva? Quebrou a unha e agora virou gótica? Não seja patética, menina. Pelo menos assim você não sai chamando atenção dos meninos. 

JADE - Estava demorando... Pela milésima vez, eu nunca quis chamar a atenção do Alan. 

EVELLY - Ah é? Então por que ele estava na sua casa no final de semana? Em um jantar que você organizou por sinal. 

JADE - Eu não organizei nada, foi a minha mãe. Ela é doida para me empurrar para qualquer um que tenha dinheiro, por isso ela inventou esse jantar. E o imbecil do Alan, não perdeu a oportunidade de dar em cima de mim. 

EVELLY - Mentira. Você não faz nem o tipo dele, menina. Se toca. 

JADE - Você também pelo visto não faz. Até porque nesse mesmo fatídico jantar, ele falou que você não era mulher pra ele, nessas palavras. E antes que você questione, eu não teria porquê inventar isso. Pergunta para os pais dele, já que você é tão íntima. 

Jade faz menção de sair do banheiro, mas Evelly a puxa pelo braço. A morena da uma bofetada em Jade, descontrolada. 

EVELLY - Por quê? Por que você faz isso comigo? Por quê? Será que você não cansa de ter tudo para você, menina? 

Jade desfere outro tapa sobre o rosto de Evelly, retribuindo. 

JADE - Nunca mais encosta um dedo em mim, sua maluca. Evelly, você precisa parar com essa sua loucura. Você não gosta de verdade do Alan, você é obcecada por ele. E paixão e obsessão são coisas bem diferentes. 

EVELLY - Você não entende. Você sempre teve tudo nas mãos, Jade. Você não sabe o que é correr atrás de mim, porque você nunca precisou. Você sempre teve todo mundo aos teus pés. 

JADE - Mas você não tem que correr atrás de ninguém. Tenha o mínimo de amor próprio. Você tá jogando sua vida no lixo, por causa de um babaca. Um moleque que não sabe nem falar direito. O que você quer da vida? O que você vai ser quando a escola acabar? A faxineira do Alan? Acorda, Evelly. Acorda para a vida, garota. Você não tem outra função a não ser correr atrás desse menino!

EVELLY - Quem é você para falar de vida, Jade? Você está sozinha. Nem a amizade do Victor você tem mais. Da minha vida, cuido eu. 

JADE - Então cuida para lá. Me erra. Enfia na porra da sua cabeça que eu não quero dar para o filho da puta do seu namoradinho!

Jade dá um empurrão em Evelly e sai do banheiro. Evelly chora de raiva e esbraveja batendo na pia, com força. 

CENA 7: EXTERNA. IBIRAPUERA. DIA

Victor e Márcia passeiam pelo parque muito bem arborizado. Victor parece abatido.

MÁRCIA - Fico muito triste pelo seu amigo, filho. É muito triste quando a pessoa está nessa situação. Nós sabemos bem.
VICTOR - Pior é que eu sinto que eu poderia ter evitado de alguma maneira.
MÁRCIA - Como assim?
VICTOR - É que... Durante um tempo, o Henrique não foi só meu amigo mãe.
MÁRCIA - Desculpa... Eu não estou entendendo.
VICTOR - Mãe... Eu sou bissexual.

Márcia paralisa com a fala do filho. Victor fica vermelho pelo nervosismo.

MÁRCIA - Bissexual...
VICTOR - Sim. Tudo bem?
MÁRCIA - É sempre um choque para uma mãe. Mas eu não tenho problema nenhum com isso meu filho.
VICTOR - Jura?
MÁRCIA - Eu acho um pouco estranho, eu não posso mentir. Mas... A gente já passou por tantas coisas juntos. Não é a sua opção sexual que muda tudo. Você ainda é meu filho.
VICTOR - Orientação sexual. Esse termo é mais correto, tudo bem?
MÁRCIA - Tudo bem. Orientação sexual...

Victor abraça a mãe, aliviado.

MÁRCIA - Só toma cuidado, por favor. Eu me preocupo com você. Tem tantos loucos por aí.
VICTOR - Pode ter certeza que eu vou tomar todo o cuidado do mundo. Só de saber que a senhora está bem com isso, eu já fico muito feliz.
MÁRCIA - Mas me fala. Você e esse menino, vocês... (?)
VICTOR - É, a gente se relacionou sim. E quando eu falo que a gente se relacionou eu me refiro a tudo.
MÁRCIA - Santa Maria, mãe de Deus. Meu filho, você usou camisinha, pelo menos?
VICTOR - Mãe, a gente está no meio do Ibirapuera. Depois a gente tem essa conversa, tá bom? Agora eu preciso ir para a escola. Já perdi todos os primeiros horários. Preciso pelo menos justificar minha falta, não tô podendo perder ponto por W.O.
MÁRCIA - Tudo bem, eu te levo.

Eles se abraçam mais uma vez e seguem juntos para o carro. A câmera vai se afastando mostrando os dois juntos.

CENA 8: INTERNA. COLÉGIO ANGLO - QUADRA POLIESPORTIVA. DIA

Evelly e Alan estão sentados na arquibancada da quadra, assistindo a um jogo de vôlei de meninas provavelmente mais novas. Alan flerta com o olhar com uma menina ruiva que está em posição de líbero na quadra, mesmo com Evelly deitada em sua colo.

SONOPLASTIA: https://youtu.be/-cCPDtpM2f8

EVELLY - Alan, eu posso te fazer uma pergunta?
ALAN - Faz.

Alan diz sem prestar muita atenção, com os olhos focados no jogo.

EVELLY - Você gosta de mim?
ALAN - Que porra de pergunta é essa?
EVELLY - Responde, por favor. Quando você pensa em alguém para ser sua namorada, você pensa em mim?
ALAN - É lógico. Você é perfeita pra mim, se algum dia eu fosse namorar alguém seria com você. Agora presta atenção no jogo.

Evelly nota a frieza nas falas de Alan, mas desconsidera. Ela tenta segurar a mão do rapaz, mas não consegue porque logo ele estende as mãos para comemorar um ponto do time que ele estava torcendo.

CENA 9: INTERNA. COLÉGIO ANGLO - PÁTIO. DIA

A câmera mostra uma grande aglomeração de alunos reunidos, cada um seu respectivo grupo de amigos. Alguns sorriem espalhafatosamente, outros escutam dividem fones de ouvido com músicas calmas ou grandes baladas agitadas. Jade vai até Sarah.

JADE - Sarah, será que a gente pode conversar?
SARAH - Conversar sobre?
JADE - Sobre a gente.
SARAH - Não existe a gente, Jade.

Jade olha para o lado e tem uma ideia.

JADE - Espera um pouco.

Jade respira fundo e sobe no mini palco que fica ao centro do pátio, geralmente usado para avisos da coordenação. Ela segura o microfone.

SONOPLASTIA: https://youtu.be/Yacwi_cuczw

JADE - Galera, eu queria um pouco da atenção de vocês. Na real, eu queria a atenção de uma pessoa em específico. Sarah, é com você que eu quero falar.

Todos os alunos largam o que estavam fazendo e prestam atenção em Jade. Sarah, que conversava com Manu estranha ouvir seu nome.

JADE - Sarah, durante muito tempo eu tive medo de falar sobre o que eu sentia por você. Mas, agora eu entendo que isso é a maior besteira. E que foda-se o que a minha mãe vai falar, ou o resto dessa escola toda vai achar. Eu gosto de você. E não, eu não estou bêbada ou drogada, ou sei lá mais o quê. Eu só preciso de você agora.

Sarah fica sem ação com as palavras de Jade.

JADE - E eu sei que você deve estar me odiando agora, mas não finja que você não gosta de mim também. Eu espero muito que você me perdoe um dia.

Em um impulso, Sarah sobe ao palco e arranca o microfone das mãos de Jade, beijando a garota. Um beijo acelerado e intenso. Quando se separam, elas tomam dimensão do que acabaram de fazer.

SARAH - Puta merda, a escola toda está aqui.
JADE - Agora definitivamente não dá para esconder de mais ninguém.

Elas sorriem e logo voltam a se beijar. Os alunos gritam e aplaudem muito o casal. Vindos da quadra, Evelly e Alan chegam ao local sem contexto nenhum apenas presenciando o beijo. Alan olha para a cena enojado.

CENA 10: INTERNA. HOSPITAL. DIA

Henrique ainda está na cama, prostrado. Paola entra no quarto, para ver como o irmão está.

PAOLA - Tudo bem? Está sentindo alguma coisa?
HENRIQUE - Não, estou razoável.
PAOLA - O Victor estava aqui mais cedo, não é?
HENRIQUE - Estava sim, mas ele já foi.

Paola se senta ao lado de Henrique.

PAOLA - Você sabe que quando sair daqui vai ter que falar de quem você compra essas porcarias, não sabe?
HENRIQUE - Eu não posso, Paola. Pela nossa segurança eu não posso fazer isso.
PAOLA - Não é assim que funciona. Os nosso pais vão ficar na sua cola, você não vai ter opção.

Henrique esmorece.

PAOLA - Você não pode ficar acobertando bandido para o resto da vida, Henrique.
HENRIQUE - Você não entende.
PAOLA - Eu sei que não, mas se você quiser ajuda a gente vai estar aqui para você. Você já perdeu o Victor, mas eu não vou te deixar perder a vida.
HENRIQUE - Que vida? Essa vidinha de merda? Paola eu sou medíocre. Eu sou um lixo.
PAOLA - Você não é um lixo, mas você se trata como um. Você precisa se amar, antes de cobrar isso de qualquer pessoa.
HENRIQUE - Se amar... Hoje em dia essa é a resposta pra qualquer coisa, não é? Como eu vou me amar, caralho? Olha bem para mim. Deu errado. Eu dei errado. O seu discursinho de coaching barato, não vai colar comigo.
PAOLA - Então vai, continua. Se você quiser eu te trago dois quilos de cocaína aqui agora. É isso que você quer? Se destruir? Vai em frente, porra. Só não esquece de uma coisa: Para tudo nessa merda de vida, tem um jeito. Para a morte não.

Paola para de falar com o irmão e pega o celular. Henrique encosta a cabeça no travesseiro novamente. Algumas lágrimas caem de seus olhos, mas ele logo enxuga.

CENA 11: INTERNA. COLÉGIO ANGLO - ENTRADA. DIA

Victor está no carro com a mãe. Ele pensa na conversa que teve com Henrique mais cedo, principalmente na parte em que o garoto afirmava que Ítalo gostava de Victor.

No celular dele chega uma notificação, em um grupo chamado "De 4" composto por ele, Ítalo, Manu e Sarah. É o vídeo da declaração que Jade fez para Sarah, enviado por Manu no grupo. Ele assiste ao conteúdo muito chocado. Uma risada espontânea escapa do rapaz.

VICTOR - Que bom ver a Jade feliz assim.

Márcia estaciona.

MÁRCIA - Como?
VICTOR - Nada mãe. Estou falando sozinho mesmo.
MÁRCIA - Bom, nós chegamos.
VICTOR - Muito obrigado pela carona, prometo que mais tarde a gente conversa.
MÁRCIA - Tudo bem, querido.

Victor dá um beijo na mãe e se retira do veículo, adentrando na escola.

CENA 12: INTERNA. COLÉGIO ANGLO - SALA DE AULA. DIA

Jade, Ítalo e Sarah estão conversando na sala de aula. Os alunos acabam de voltar do recreio.

ÍTALO - Vocês estão suspensas só por causa disso?
SARAH - É lógico que a Sônia não ia ficar satisfeita de ver um beijo lésbico no meio do pátio.
JADE - Segundo ela é contra as regras da escola, apesar do Alan sair por aí beijando Deus e o mundo nos corredores.
ÍTALO - Como sempre essa filhinha da puta.

O professor entra em sala e se dirige a sua mesa. Logo ele começa a preencher um cabeçalho no quadro.

ÍTALO - Professor, eu posso ir no banheiro rapidinho antes do senhor começar?
PROFESSOR - Já teve o intervalo todo, cara.
ÍTALO - Esse intervalo foi um pouco conturbado, professor. Deixa eu ir, por favor.
PROFESSOR - Vai e volta, beleza? Nada de papinho nos corredores.

CENA 13: INTERNA. COLÉGIO ANGLO - CORREDOR. DIA

Victor sai da secretaria com um papel em mãos, para assinar. Ele se escora na janela para conseguir apoio para assinar. Ítalo, que saia do banheiro, vê o amigo.

ÍTALO - Victor? O que você está fazendo aqui?
VICTOR - Eu vim justificar minha falta. Minhas notas não estão lá muito boas para eu perder mais ponto ainda.
ÍTALO - Claro. Se você quiser eu te mando foto dos conteúdos depois. Apesar de que hoje eu não prestei atenção em aula nenhuma, com o tanto de coisa que aconteceu.
VICTOR - A gente pode conversar, rapidão?
ÍTALO - Eu tenho que voltar para a sala, mas... Se for rápido tudo bem.

Ítalo se aproxima de Victor, para escutar o que ele tem a dizer.

VICTOR - O Henrique me falou mais cedo no hospital que você gosta de mim. Que você é amigo da irmã dele e vocês já conversaram várias vezes sobre.

Ítalo cora.

ÍTALO - Merda...
VICTOR - Calma, não precisa ficar nervoso. É verdade isso que ele falou?

Ítalo olha para baixo. Está envergonhado demais para trocar olhares com Victor.

ÍTALO - Desculpa...
VICTOR - Olha para mim, por favor.
ÍTALO - Não consigo.

Victor puxa Ítalo para mais perto de si. Ele passa as mãos pelo pescoço do rapaz e sobe lentamente o rosto dele, que pegava fogo de tanta vergonha.

SONOPLASTIA: https://youtu.be/KxJqMAQDGg4

VICTOR - Não precisa ter vergonha de mim.
ÍTALO - Eu sei que você gosta da Manu, por isso eu não queria que ninguém soubesse disso. Eu sei que eu sempre estrago tudo, me perdoa.
VICTOR - Eu também gosto de você.
ÍTALO - O que você falou?
VICTOR - Eu, Victor, também gosto de você.
ÍTALO - Não. Para, não faz isso comigo. Eu vou ficar bravo com você. Não precisa mentir.
VICTOR - Eu não estou mentindo.
ÍTALO - Mas e a Manu? Eu vi... Eu vi vocês se beijando.
VICTOR - Eu também gosto dela, é complicado explicar. Não é como se eu gostasse mais de um do que do outro, sei lá... Mas a minha única certeza é que eu também gosto de você. Você me faz bem e me completa como mais ninguém. E quando eu vi você beijando aquele outro menino na festa, eu me toquei de que era pra eu estar ali.
ÍTALO - Era mesmo. Eu só beijei aquele menino, porque eu estava louco de ciúmes. Ciúmes de você. Eu via todos os seus olhares para a Manu e a forma como você falava dela, e aquilo só me matava aos poucos. Porque eu queria que fosse comigo. Mas ao mesmo tempo, é você quem me deixa vivo. Você é quem me ilumina.
VICTOR - Eu gosto de você desde o momento em que você falou para eu te chamar no Discord.

Eles sorriem, emocionados.

VICTOR - Eu achei patético, desculpa. Eu sempre gostei de você. Mas eu não sabia explicar isso. Para mim você era só um amigo que eu gostava para caralho e que me fazia bem.
ÍTALO - Você me deixa sem saber o que fazer, Victor. Eu passei noites e noites em claro, pensando em como eu poderia falar isso para você. E antes de dormir, todas as noites eu ficava imaginando como seria se você estivesse lá comigo. Para me abraçar, me beijar e fazer eu não me sentir tão só.
VICTOR - Eu nunca senti nada assim, é diferente para mim. E também é diferente do que eu tenho com a Manu. Eu vejo na Manu tudo que eu queria ser e eu não tenho coragem. Talvez por isso ela me encante tanto e eu seja tão apaixonado por ela. Mas você... Eu sinto vontade de cuidar de você. De estar perto e de não deixar ninguém te fazer mal. Te proteger do merda do seu pai e sempre deixar esse sorriso lindo aparecer.
ÍTALO - Mas ele só aparece quando você está por perto. Você é a melhor pessoa que eu conheci esse ano e em todos os anos. A minha vida toda eu esperei por alguém como você. Alguém que me entendesse e que não me ache o maior desequilibrado de todos. Você tirou todos os estigmas de mim e me viu como um ser humano. Você me enxerga como ninguém enxerga.

Eles se olham. Ítalo tem os famosos olhos de Dália, que um dia Victor ouvira falar. Abrasadores, quentes e apaixonantes.

VICTOR - (narrando) Eu gostava dos olhos do Ítalo. Passei a entender junto dele a obsessão de Machado de Assis pelos olhos de Capitu. Ele também tinha os famosos olhos de "cigana oblíqua e dissimulada". Intimidador. Um olhar vindo diretamente do inferno, pois o céu não foi o suficiente para a imensidão dele.

Hipnotizados, ambos seguiram um o caminho da boca do outro. Os lábios se encontraram em perfeita harmonia. O beijo dos dois parecia ensaiado de tão bem embalado. Os narizes se encaixavam perfeitamente e eles seguiam o mesmo ritmo. Sem pressa, apenas vivendo o momento.

ALAN - Veja só, se não são as duas bichinhas da escola aqui no corredor.

Todo o romantismo contido no ambiente foi por água a baixo com as palavras de Alan, que filmava a cena.

ÍTALO - Larga esse celular, Alan.
ALAN - Da um "oi" para a câmera.
ÍTALO - Para de filmar, seu filho da puta.

Ítalo avança em cima de Alan, arrancando o celular de suas mãos.

VICTOR - Ítalo, para com isso.

Ítalo não dá ouvidos a Victor, e desfere um soco contra Alan.

ALAN - Eu vou te quebrar, seu viadinho de merda.
ÍTALO - Isso é o que nós vamos ver.

Os dois começam a se socar e iniciam uma briga terrível no meio do corredor. Victor se desespera.

[Encerramento]: https://youtu.be/3hi2U8t2ZBs


 

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