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Meninos e Meninas: Episódio 01

JADE - Pensei que você tinha desistido de terminar o ensino médio.
VICTOR - Vontade não me falta.
JADE - Como foi a viagem com a sua mãe?
VICTOR - Foi legal na medida do possível. Viajar para fazer exame no hospital do câncer nunca é algo muito saudável, mas foi razoável.
JADE - Eu não entendo porquê você precisa ir todo ano fazer esses exames.
VICTOR - Agora tá melhor até, antes eu tinha que ir de seis em seis meses. Eu não tenho mais nada desde os dois anos, porém pode voltar a qualquer momento. Eu preciso ficar sempre me cuidando.
JADE - Entendo... Bom, agora vamos para a aula. Hoje tecnicamente é o seu primeiro dia. Quer chegar atrasado?

Jade segura no braço de Victor, como de costume e sai o puxando. A câmera mostra Manu colocando alguns materiais em seu armário.

Jade e Victor entram na sala e logo dão de cara com Sarah (Duda Matte) na porta próxima a mesa do professor. As duas garotas trocam olhares mortais.

VICTOR - (narrando) Acho que deu para notar que a Jade é bastante popular na nossa escola. Ela é amada pelo corpo docente e respeitada pelos alunos. Mas se tem alguém que não abaixa a cabeça pra ela, esse alguém é a Sarah. As duas tem uma rivalidade de anos.

JADE - Bom dia, Sarah. Tudo bem com você?
SARAH - Bom dia. Tudo bem comigo sim. Vejo que o seu fiel escudeiro voltou.
VICTOR - É... Eu estava viajando. Mas uma hora eu tinha que voltar.
SARAH - É verdade. Eu só espero que ao contrário dos anos anteriores, vocês não atrapalhem o desempenho da classe.
JADE - Pode deixar, princesa. O desempenho da classe não será afetado. Já o seu eu não posso falar o mesmo... As suas notas caíram um pouco no último bimestre.
SARAH - Ao contrário de você, eu não venho para a escola competir nota. Eu sou bem mais que números. E quando eu me refiro a desempenho, eu me refiro a aprendizagem.
JADE - Querida, eu não faço competição de nota. O ponto é que meu foco é aquele troféu de melhor aluna do ano, no final desse ano. Ninguém do segundo ano nunca ganhou isso. E eu não quero esperar ir para o terceirão para vencer. Eu já sou boa o suficiente esse ano.
SARAH - Cada um com os seus alvos. Espero que você se dê bem no seu objetivo fútil.

CENA 5: INTERNA. ESTACIONAMENTO. DIA

Thyago está escorado em um veículo no estacionamento de um prédio comercial. Márcia (Bárbara Colen) chega até ele, um pouco desconcertada.

MÁRCIA - E então, Thyago? O que você quer? Eu tive que sair do trabalho pra vir aqui falar com você.
THYAGO - Não vou ganhar nem um abraço?

Ele se aproxima da mãe, mas ela o afasta.

MÁRCIA - Se você quisesse um abraço você viria visitar a sua família. Me fala o que você quer.
THYAGO - Eu tô precisando de uma grana.
MÁRCIA - Grana... Grana para quê?
THYAGO - A senhora pode me emprestar ou não?
MÁRCIA - Claro que não. Eu tenho dinheiro mal pra sustentar o seu irmão que é menor de idade, imagina você.
THYAGO - Claro, tem o garotinho de ouro.
MÁRCIA - Para de falar assim dele, Thyago.
THYAGO - Tá bom, que se dane também. Já que você não pode me ajudar, pode voltar para o seu serviço.
MÁRCIA - Eu vou mesmo, que eu ganho mais. E vê se passa para visitar sua avó, porque ela sente muito a sua falta.

Márcia faz menção de sair do local, mas Thyago a puxa pelo braço.

THYAGO - Como a minha vó está? Ela tá tomando os remédios?
MÁRCIA - Dizendo ela que sim. Era você quem dava os remédio dela... Até isso você tirou da nossa família, Thyago.
THYAGO - Eu não tirei nada. A culpa é toda daquele merdinha do seu filho.
MÁRCIA - Meu filho e seu irmão, rapaz. O Victor não tem culpa de nada.
THYAGO - Se não fosse por ele, o pai jamais teria nos abandonado.
MÁRCIA - O seu pai abandonou a gente porque ele é um canalha. O seu irmão não tem culpa de ter adoecido.
THYAGO - Não era nem para ele ter existido. Aquele moleque é um restinho de aborto.

Márcia desfere um tapa sobre o rosto do filho, muito indignada.

MÁRCIA - Nunca mais repita isso. Eu nunca nem cogitei abortar o seu irmão. Isso é coisa do doente do seu pai.
THYAGO - Deveria ter cogitado. 
MÁRCIA - Já chega. Não dá para ter o mínimo de diálogo com você. Eu espero que você tome um rumo na vida, Thyago.

Márcia se retira do local muito nervosa. Thyago acende um cigarro com os olhos marejados.

CENA 6: INTERNA. COLÉGIO ANGLO. DIA

A turma toda está sentada, enquanto o professor Rafael (Rodrigo Hilbert) passeia pela classe. No quadro está escrito "REVISÃO" e mais próximo ao cabeçalho o nome "HISTÓRIA" identificando a matéria.

RAFAEL - Muito bem turma. Esse ano vocês provavelmente vão estudar isso nos itinerários, mas eu queria trabalhar com vocês um conteúdo que vocês estudaram no fundamental ainda.

Os alunos abrem as apostilas. No mapeamento de turma, podemos ver que Victor se senta na última cadeira da fila da porta e Jade se senta ao lado dele, também na última cadeira de sua fila. Manu se senta na primeira cadeira da mesma fila que Victor.

RAFAEL - O assunto em questão como vocês podem ver nas apostilas é a revolução russa. Acho que o momento em que vivemos é bem propício para falarmos disso, na verdade. Me digam, o que vocês entendem por socialismo.

A câmera foca em Kiara (Bella Chiang) conversando com um colega, que se senta atrás dela. Rafael observa.

RAFAEL - Peço silêncio, por favor. Não quero ser obrigado a tirar ninguém de sala.

Alan (Xande Valois) levanta a mão e o professor consente sua fala.

ALEX - O socialismo é uma visão política idealizada por Karl Marx que oficialmente visa dividir a renda dos países igualmente entre a população.
RAFAEL - Por que o "oficialmente"?
ALEX - Porque a gente sabe que no dia a dia não é bem assim que funciona. Acho que os soviéticos são um ótimo exemplo disso. E a própria Rússia atual também. 

Manu levanta a mão e o professor também permite sua fala. A câmera foca em Victor que olha para a garota com atenção.

MANU - Na verdade eu acho que o socialismo passa a ser utópico a partir do momento em que a pessoa que governa o país não tem caráter.
RAFAEL - Mas você concorda que as pessoas são corruptíveis, certo?
MANU - Sim, todos os seres humanos são corruptíveis. Mas se apoiar nessa linha de pensamento de que um movimento é errado porque não dá para confiar no ser humano é meio que uma omissão.
RAFAEL - Omissão?
MANU - Creio que sim. É basicamente calar a boca e aceitar um regime possivelmente capitalista, com o argumento de: Nós estamos na merda e não tem como sair. Perdão pelo palavrão, mas é basicamente isso.
RAFAEL - O seu pensamento é interessante...
MANU - Eu acho que em todas as áreas, em todos os regimes, sempre vão existir pessoas horríveis. Genocidas, ditadores, sociopatas. E isso não tem nada haver com o movimento em si.

Enquanto Manu fala com o professor, Victor se vira e começa a cochichar com Luara.

VICTOR - Quem é ela?
JADE - Ela é novata. Maju, Manu, alguma coisa assim.
VICTOR - Inteligente ela...
JADE - Você e o seu tesão por comunista.
VICTOR - Cala essa boca.

Victor mostra o dedo do meio para a amiga, discretamente.

CENA 7: INTERNA. COLÉGIO ANGLO - PÁTIO. DIA

Os alunos estão no recreio. Como de costume, Victor e Jade estão sentados em um banco sozinhos. Victor observa Manu do outro lado do pátio, com um fone de ouvido e aparentemente desenhando. Alan chega até eles.

ALAN - Como andam os meus antisociais preferidos?
JADE - Muito mal, a gente está na escola.
ALAN - Calma, Jade. Relaxa... Sexta feira eu vou dar uma festa lá na minha casa e vocês tão convidados, fechou?
JADE - Depende. Vai ser liberado o uso de entorpecentes?
ALAN - Você já é meu entorpecente natural, gata.
JADE - Eu acho que essa foi a pior coisa que eu já escutei na minha vida. Às vezes eu dou graças à Deus que eu não gosto só de homem, porque puta que pariu...
ALAN - Que foi? Eu sou tão ruim assim?
JADE - Precisa responder?

Evelly (Mel Maia) repara em Alan e Jade de longe. A morena parece raivosa.

VICTOR - (narrando) Essa é a Evelly. Ela é a menina mais fútil dessa escola. Pode parecer piada, inacreditável, mas... O único objetivo de vida dela é pegar o Alan. Guardem bem a cara dela, ela ainda vai ser importante para a nossa história.

Alan e Jade continuam sorrindo e trocando provocações. Victor tira os olhos de Manu e se dirige a Alan

VICTOR - Alan, você convidou todo mundo da nossa sala?
ALAN - Assim... Convidar, eu convidei. Mas alguns foram só por educação mesmo. Tipo a bisneta de Fidel Castro ali.
JADE - Ei, fala dela não que o Victor tá de olho.
ALAN - Você tá afim da comunista, Victor? E eu jurando que tu era veado, mano.
JADE - Nossa, como você é babaca, Alan.
VICTOR - Sim, você perde a oportunidade de ficar quieto. E não, eu não estou afim dela. Eu literalmente acabei de conhecer a guria. Eu só não acho certo a gente excluir alguém assim logo de cara por conta de uma opinião política. Até porque se fosse por isso, ninguém deveria nem olhar na sua cara neoliberalzinho de merda.
ALAN - Está bravinha, Victor? Relaxa, eu vou reforçar o convite para ela se for preciso. Espero vocês dois lá.

CENA 8: INTERNA. COLÉGIO ANGLO - SALA DE AULA. DIA

Todos os alunos estão no pátio para o recreio, mas Kiara ainda está na sala junto de Rafael.

KIARA - Hoje a sua aula foi interessante.
RAFAEL - Tem certeza que você achou isso? Você não parava de conversar com aquele moleque que senta atrás de você.
KIARA - Nem sei de quem você está falando. Ele me pediu uma borracha, apenas. Por quê? Ficou com ciúmes?
RAFAEL - Eu já te disse que eu não tenho ciúmes de você.
KIARA - Mas deveria. Eu sou uma menina linda.

Kiara vai falando se aproximando aos poucos do ouvido de Rafael, começando a sussurar.

KIARA - Imagina quantos homens dão em cima de mim todos os dias.
RAFAEL - Você gosta de me provocar, não é menina?
KIARA - Gosto. Porque eu sei que quanto mais eu te provoco aqui em cima, mais uma coisinha cresce aí em baixo.

Ela passa a mão por cima do volume aparente na calça social do homem. Ele arfa.

RAFAEL - Aqui não.
KIARA - Por quê?
RAFAEL - Alguém pode ver.
KIARA - A gente faz isso há anos e ninguém nunca viu. Todo mundo está no pátio uma hora dessas. Eles estão mais preocupados em correr como se estivessem na creche. Fica tranquilo.

Kiara abre o zíper da calça de Rafael e enfia a mão por dentro da vestimenta. Por dentro da cueca ela masturba o homem, que solta gemidos contidos.

RAFAEL - Você me deixa maluco.
KIARA - Eu sei, eu gosto disso.

Ela aumenta a velocidade do ato e os gemidos vão aumentando consequentemente.

CENA 9: INTERNA. CASA DE VICTOR. NOITE

A noite já chegou. Victor entra em casa e sua mãe está na cozinha. Ela parece bem cansada.

MÁRCIA - Estava aonde, filho?
VICTOR - Eu passei na casa da Jade depois da aula e acabei perdendo a hora.
MÁRCIA - Tudo bem, tem janta no microondas caso você queira. Sua vó fez aquele macarrão que você adora.
VICTOR - Olha, eu não estava pretendendo jantar não. Mas desse jeito eu vou ser obrigado.

Victor se dirige até o microondas para esquentar a comida. Márcia está com um semblante triste.

MÁRCIA - Eu estive com o seu irmão, hoje.
VICTOR - Ele veio aqui em casa?
MÁRCIA - Não... Na verdade, eu me encontrei com ele bem longe daqui. Ele veio me pedir dinheiro.
VICTOR - Por favor, me diz que você não deu dinheiro para o Thyago.
MÁRCIA - Eu não dei. Mas meu coração ficou apertado.
VICTOR - Mãe, a senhora sabe muito bem para quê ele quer dinheiro.
MÁRCIA - Mas e se dessa vez for diferente? E se ele realmente tiver passando por uma nescessidade?
VICTOR - Sim, ele está passando por uma nescessidade. Ele precisa entrar em uma clínica de reabilitação porque ele é completamente viciado em drogas. Essa é a nescessidade dele.
MÁRCIA - Do jeito que você fala, parece que o seu irmão é um drogado.
VICTOR - Mas é isso que ele é. O Thyago é dependente químico. Enquanto vocês não se derem conta disso, vocês não vão conseguir ajudar ele.

Márcia fica triste, porém contém suas lágrimas. Ela passa as mãos sobre a cabeça.

VICTOR - Vem aqui, me dá um abraço vai.

Victor abraça sua mãe de lado. A câmera vai se afastando aos poucos, mostrando o momento dos dois.

CENA 10: INTERNA. CASA DE JADE - QUARTO. NOITE

SONOPLASTIA: https://youtu.be/ZZSqh7ms3D8

Podemos observar em uma sequência de takes: Algumas trocas de olhares entre Manu e Victor ao longo da semana, bem como Jade fazendo muitas piadas com isso. De outros ângulos, é possível ver Manu observando Victor no outro lado da sala de aula e fazendo dele a inspiração para alguns de seus desenhos. SEXTA FEIRA.

A cena corta para o quarto de Jade. O quarto da garota é branco e tem um piso de madeira. Na parede, uma bandeira bissexual bem grande pendurada. Mais próximo ao guarda-roupas um pôster da cantora americana Taylor Swift colado. A câmera foca em Victor sentado na penteadeira da menina, enquanto ela cola alguns strass nos olhos do rapaz.

VICTOR - Jade você vai se comportar hoje, né? Sério, eu não quero ficar cuidando de bêbado.
JADE - Eu vou me comportar, eu juro. Até porque eu falei para a minha mãe que ia ser uma festinha de criança.
VICTOR - É bom mesmo, eu quero te ver dançando Xuxa se for possível. E toma cuidado com aquele Alan. Ele é doido para te pegar.
JADE - Eu sei disso. Mas ele não tem a menor chance.
VICTOR - Aquele moleque tem cara de que não respeita não. Eu tenho medo real de você ficar muito bêbada, eu te perder de vista e enfim...
JADE - Não é assim também, Victor. Não é porque o menino é meio escroto que ele é um abusador também, né. Vamos dar uma segurada.
VICTOR - Jade, vai por mim. Eu sou homem também e eu sei como a cabeça desses caras funcionam. Não dá moral para ele, tô falando sério.
JADE - Relaxa.

Jade vira a cadeira de Victor para o espelho, para que ele consiga ver o resultado.

JADE - Tá pronto.
VICTOR - No dia que você assimilar que eu sou hétero, a sua cabeça explode, né?
JADE - Que foi? É só um brilhinho, porra.
VICTOR - Que seja.
JADE - Agora só por que você tá afim da Manu vai começar a pagar de machão?
VICTOR - Eu não estou afim da Manu. Que obsessão é essa?
JADE - Eu vi os olhares, eu vi a química. Você não me engana.
VICTOR - Eu acho que você tá enlouquecendo. Eu nunca troquei uma palavra com essa menina. Vocês tão forçando muito.
JADE - Tudo bem. Se você está dizendo, eu finjo que acredito. Agora vamos logo.

CENA 11: INTERNA. CASA DE ALAN. NOITE

Uma música eletrônica bem alta está tocando no local, que por sinal está sendo iluminado por algumas luzes coloridas.

JADE - Vou pegar alguma coisa para a gente beber, fica aqui me esperando.
VICTOR - Tudo bem.

Jade sai e Victor fica um pouco perdido em meio a multidão.

VICTOR - (narrando) Eu nunca fui bom com festas. Na verdade eu nunca fui muito bom com pessoas, a festa em si é um mero detalhe. Talvez por isso eu me identificasse tanto com a Manu, mesmo sem nunca ter falado com ela. Pessoas são confusas, vai entender...

Do outro lado da festa, Victor avisa Manu sentada sozinha em um canto bebendo algo. Ela parece estranhamente entediada. Alguma força maior o guia até ela.

VICTOR - Oi.
MANU - E aí?
VICTOR - Tudo bem com você?
MANU - Tudo bem, sim.
VICTOR - Manu o seu nome, né?

VICTOR - (narrando) Sim, a essa altura eu já sabia até o sobrenome dela. Mas meu estoque de apresentações se resumia em perguntar o nome da pessoa, então apenas sigam o roteiro.

MANU - Sim, meu nome é Manu. Olha, eu vou lá para fora tomar um ar. Quer vir comigo?
VICTOR - Claro, ficar aqui dentro com essa música alta já está me deixando agoniado.

Os dois se levantam e seguem para o lado de fora, saindo da grande concentração de pessoas ali.

CENA 12: INTERNA. CASA DE ALAN - QUARTO. NOITE

Alan está em seu quarto. Ele veste apenas uma calça e está colocando uma blusa para a festa. Evelly adentra o local.

ALAN - Evelly? Que susto. Confundiu os quartos?
EVELLY - Não, na verdade eu estou bem onde eu quero estar. Quer dizer, gostaria de continuar estando.

Alan fica um pouco sem graça. Evelly se aproxima dele aos poucos.

EVELLY - Eu sinto a sua falta, Alan.
ALAN - Evelly, faz muito tempo que a gente terminou. A gente era criança. Estávamos no fundamental ainda.
EVELLY - Criança nada. Para mim aquilo era de verdade. E crianças não fazem as coisas que a gente fazia.
ALAN - Não me leva a mal. Mas eu estou afim de outra pessoa.
EVELLY - Eu sei que você quer pegar a Jade. Mas eu te prometo que eu posso fazer tudo que ela faz. Eu posso ser bem melhor que ela.
ALAN - Evelly...
EVELLY - Eu sou sua, Alan. Comigo, você pode fazer o que você quiser.

Evelly segura o pescoço de Alan e o beija. Ele tenta se afastar, mas um pouco acuado deixa ela continuar o momento.

EVELLY - Eu prometo que você nunca vai esquecer essa noite...

Evelly desce depositando beijos pelo peitoral de Alan. Quando finalmente se aproxima das partes baixas, ela passa a língua pelo membro de Alan ainda coberto pela calça.

ALAN - Vem aqui, vai.

Alan sobe Evelly e a joga contra a sua cama. Ele levanta o vestido que ela usava e abaixa a sua calcinha. Ele desfere um tapa sobre as nádegas da morena, que arfa.

Alan abre a sua calça, mas não a abaixa por completo. Ele cospe na própria mão e leva as partes íntimas de Evelly, a lubrificando com saliva. Logo, ele retira seu membro da peça intima que usava e começa a estocar na garota.

CENA 13: INTERNA. CASA DE ALAN - GRAMADO. NOITE

Manu e Victor estão deitados no gramado, observando as estrelas. Ao fundo podemos ouvir o som abafado da música da festa.

VICTOR - Eu gostei do que você disse aquele dia.
MANU - E por que você não falou isso na hora?
VICTOR - Bom... Eu não tenho muitos amigos naquela sala. Mas eu também não quero ter inimigos.
MANU - Entendi...

O silêncio predomina no local por alguns instantes, enquanto os dois observam as estrelas e intercalando olhares um para o outro de vez em quando.

VICTOR - De onde você é?
MANU - Pernambuco... Eu tive que me mudar para cá por conta do trabalho da minha tia.
VICTOR - Entendi... Isso explica porquê você se mudou de escola no meio do ano.
MANU - Exato.
VICTOR - Você sente muita falta da sua vida lá?
MANU - Mais do que qualquer outra coisa. Eu morava em um interiorsinho, sabe? Eu vivi as melhores experiências da minha vida lá.
VICTOR - Eu também não sou de São Paulo. Na verdade eu nasci aqui, mas eu considero como se eu tivesse nascido em Goiânia.
MANU - Por quê?
VICTOR - Eu tive leucemia quando eu tinha um ano. E como lá tem um hospital de câncer muito bom e eu tenho alguns parentes lá, a minha mãe voou comigo para lá.
MANU - Espera... Você está me dizendo que teve câncer?
VICTOR - É... Eu nem sei porquê eu estou te contando tudo isso, mas okay. Eu quase morri, mas eu não lembro de nada. Eu tinha dois anos. O que é um saco. Tipo, eu já tive uma experiência de quase morte e eu não me lembro.
MANU - Qual a graça de ter uma experiência de quase morte?
VICTOR - Uma vez eu li que o primeiro suspiro tranquilo depois de uma experiência de quase morte é melhor que um orgasmo.
MANU - Eu não sei nem o que te falar.
VICTOR - E eu também já tive bulimia. Quando eu era menor, eu era bem gordinho por causa dos remédios que eu tomei. Então, teve uma época que eu simplesmente comecei a vomitar tudo que eu comia.

Os dois se entre olham e começam a sorrir.

MANU - Tem mais alguma desgraça que você queira me contar?
VICTOR - Não, rs. Por hoje é só. E você? Não quer despejar nenhuma mágoa não?
MANU - Bom, já que você falou de Goiânia... A minha mãe biológica é de lá. Mas ela nunca quis saber de mim. Na verdade ela me entregou para um casal quando eu nasci.
VICTOR - É sério isso?
MANU - Sim... Esse casal cuidou de mim até os treze anos. Cuidou, entre muitas aspas. Eles me espancavam, não me deixavam sair de casa. Até que a escola que eu estudava na época denunciou e eu comecei a morar com as minhas tias. Elas são casadas.
VICTOR - Elas são irmãs e são casadas?
MANU - Não, menino. Uma tia é irmã desse casal que eu falei e a outra é esposa dela, que eu também considero tia.
VICTOR - Entendi.
MANU - Depois de tudo isso, eu acabei desenvolvendo ansiedade e todas essas merdas...
VICTOR - Mas você toma remédio, pelo menos?
MANU - Sim, eu tomo. Eu não gosto muito de falar disso...
VICTOR - Não se preocupa, morre aqui. Eu sei como é um saco todo mundo ficar o tempo todo lembrando da sua doença.
MANU - O pessoal daquela sala já não vai muito com a minha cara, imagina se ficarem sabendo de todos esses meus problemas. Vão ficar pensando que eu sou uma louca.
VICTOR - Se serve de consolo eles também não gostam muito de mim. Eu acho que os meus assuntos são masculinos demais para as meninas, e femininos demais para os meninos. Eles só tentam falar comigo às vezes para ver se tem alguma chance com a Jade, a minha melhor amiga. Ela é bissexual, mas tem bastante tempo que ela não se relaciona com meninos.
MANU - E você?
VICTOR - Eu o quê?
MANU - O que você é?
VICTOR - Eu sou hétero, eu acho...
MANU - Como assim "eu acho"?
VICTOR - Sei lá... Eu nunca me envolvi com menino. Mas de tanto a Jade questionar, eu tenho pensado mais sobre isso nos últimos meses. Mas assim, até o momento, eu só gostei de meninas.
MANU - Então, você não tem certeza se você é hétero, mas você tem certeza que você gosta de meninas. Correto?
VICTOR - Correto.
MANU - Interessante... Já é um começo.

SONOPLASTIA: https://youtu.be/DdSneCL2Uhw

VICTOR - E você?
MANU - Eu estou na espera de encontrar alguém legal e que me queira. O que essa pessoa tem entre as pernas não é muito uma questão pra mim.
VICTOR - Legal...

Manu está com os olhos voltados para o céu perfeitamente estrelado, enquanto Victor não consegue tirar os seus olhos dela.

VICTOR - (narrando) Eu nunca tinha sentido o que eu estava sentindo naquele momento. Era como se eu estivesse completo e como se eu pudesse passar o resto dos dias dele ali naquele gramado. Era uma sensação de nescessidade muito estranha, mas boa. Tudo que ele sempre precisou na vida, estava ali e agora.

O clima que estava presente no local é encerrado por um telefonema. O toque do celular de Victor ecoa no local. Ele atende.

VICTOR - Oi, mãe. Eu estou aqui na festa. Aconteceu alguma coisa?
MÁRCIA - (off) Victor...
VICTOR - O que foi, mãe? A sua voz tá chorosa. O que aconteceu?
MÁRCIA - (off) O seu irmão, Victor... Encontraram o seu irmão morto.

A câmera foca em Victor paralisado com a notícia. Seus olhos rapidamente se enchem d'água.

[Encerramento]: https://youtu.be/3hi2U8t2ZBs


 

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