CENA 5: EXTERIOR. FAZENDA BENEVIDES. DIA
| Yuriko está sentada na varanda e observa em torno da Fazenda. Seu olhar é triste, e já transparece desânimo em seu rosto. Ela vê algo se aproximando e se levanta. |
YURIKO {Alegre} - COUTINHO!
COUTINHO - YURIKO!
| Os dois correm por caminhos opostos e se encontram dando um abraço. |
YURIKO {Sorrindo} - Como é bom vê-lo, Coutinho! Meu Deus, parece que faz uma eternidade!
COUTINHO - É muito bom também te ver, Yuriko. Fiquei muito triste com sua partida do ateliê de Ana.
YURIKO {Séria} - É... E ela já deve ter te contado o motivo. Ana destruiu minha confiança nela. O único vestígio que existia, já acabou.
COUTINHO - Yuriko, por favor não tome conclusões precipitadas. Ana está muito mal, tenho que cuidar dela mesma, acredita que no dia que foi embora ela ficou alguns dias sem por um garfo de comida na boca?
YURIKO {Surpresa} - Ana doente? Não, mas eu não queria que ela ficasse desse jeito!
COUTINHO - Então por favor converse com ela. Ana pediu para eu que viesse até aqui e lhe contar que ela quer te ver. Ela marcou um encontro com vosmecê no ateliê.
YURIKO - Eu não posso... Eu não posso, Coutinho!
COUTINHO {Surpreso} - Como assim não pode??
YURIKO {Nervosa} - Eu estou proibida de sair da Fazenda, eu não posso mais sair daqui de dentro!
COUTINHO {Assustado} - Meu Deus! Por favor, me conte o que está acontecendo, Yuriko!
YURIKO {Séria} - Não há tempo para explicar, meu otousan já está chegando e eu não posso ser vista com você. Peça para que ela me encontre no celeiro, assim que a última janela for fechada da Fazenda for apagada.
COUTINHO - Yuriko, eu estou preocupado!
| Yuriko segura as mãos de Coutinho. |
YURIKO - Apenas peça para que ela venha, Coutinho. A única coisa que você precisa saber é que preciso de ajuda!
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[Intervalo – IDA]: https://youtu.be/lO1umsdUSfk
☂️ • "Ela tem força, ela tem sensibilidade, ela é guerreira. Ela é uma deusa, ela é mulher de verdade. Ela é a Frevo Mulher!" • 🌂
[Intervalo – VOLTA]: https://youtu.be/gMw4j1oZ8JI
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CENA 6: INTERIOR. CASA NABUCO. FIM DE TARDE
| É ouvido batidas na porta e Jurema vai atender. |
JUREMA - Obrigada, mas não temos dinheiro!
| Jurema tenta fechar a porta, mas Joaquim impede se colocando à frente. |
JOAQUIM - Que isso, Jurema? É Chinara!
JUREMA - Ah, meu Deus. Me desculpe, eu acabei me confundindo. Sinto muito, senhorita.
CHINARA - Não se preocupe, já estou acostumada.
| Chinara entra na casa e olha admirada aos arredores. Joaquim sorri para ela e segura sua mão. |
CHINARA - É uma belíssima casa, Joaquim.
JOAQUIM - Tenho certeza que irá adorar morar comigo nesta casa comigo... Casados, como marido e mulher.
CHINARA {Sorrindo} - E eu irei amar passar meu tempo ao seu lado.
CECÍLIA - Então está é a famosa Chinara!
| Cecília adentra a sala com ajuda de Jurema. |
JOAQUIM - Mãe, está daqui é mulher no qual quero passar o resto de minha vida.
CHINARA - É um prazer conhecer a senhora, dona Cecília.
CECÍLIA - O prazer é todo meu, e Joaquim não exagerou quando me disse sobre vosmecê. Tem uma beleza estonteante e tenho que certeza que fará meu filho muito feliz.
CHINARA - Joaquim é o amor de minha vida, pode parecer bobagem. Nunca liguei para essa balela de amor, e cá estou, devidamente entregue à ele.
CECÍLIA - Não é bobagem, amar e ser amado é um dos melhores sentimentos existentes. Bem, que tal irmos comer? Assim poderemos nos conhecer mais!
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CENA 7: INTERIOR. FAZENDA BENEVIDES. ESCRITÓRIO. NOITE
| Antonio fuma seu charuto sentado em sua mesa e Raijin sentado de frente para ele. |
ANTONIO - Quer dizer que o japonês já está desconfiado, Raijin.
RAIJIN - É melhor que tome mais cuidado esse mês, Antonio. Aumente mais a porcentagem dele, assim o idiota do seu Kotaro irá se contentar.
ANTONIO - E para isso eu teria que abaixar o dinheiro desfalcado que dou para vosmecê. Esse mês eu não posso me encher de dívidas, já perdi meu engenho e terei que gastar dinheiro com isso.
RAIJIN - Tudo bem, logo me casarei com a filha dele, e não demorará muito que eu me aposse da fortuna dele.
ANTONIO - E como pensa fazer isso? O matando?
RAIJIN {Sorrindo} - Essa me seria a melhor opção, ou quero dizer, a única.
| Antonio e Raijin caem na gargalhada. Foco em Kotaro que ouve toda a conversa pela brecha da porta. |
KOTARO {Raiva} - Maldito... Desgraçado!
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CENA 8: INTERIOR. CASA NABUCO. NOITE
| CAM mostra, Cecília ao centro da mesa, e Joaquim e Chinara sentados lado a lado. Eles comem em conversam em um tom agradável. |
CECÍLIA - Então quer dizer que vosmecê é filha de seu Benevides... Aquele homem é intragável, nunca o suportei.
CHINARA - Foi difícil acreditar que aquele homem pudesse ser meu pai, é doloroso saber que quem o mais deveria lhe amar, é quem na verdade o mais odeia.
JOAQUIM - Seu Antonio ainda pagará por tudo que fez. Desde sempre ouvia conversas torpes, entre ele e meu pai.
CHINARA - Seu pai... Aonde está seu pai?
| Cecília e Joaquim se entreolham receosos. |
CECÍLIA - Foi embora, sumiu de nossas vidas, graças à Deus. Se pensa que Benevides é ruim, então é porque nunca conheceu o pai de Joaquim.
JOAQUIM - E tomara que nunca conheça, Chinara.
CHINARA - Bem... Me desculpem, mas eu vou ao banheiro. É que eu nunca tinha vindo aqui, então não sei aonde fica.
JOAQUIM - Deixe que eu te levo, amor.
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CENA 9: INTERIOR. QUARTO DE YURIKO. NOITE
- SOM ON. -
https://youtu.be/1dYJZ68tU5M
| Yuriko deitada por cima em sua cama, observa o teto de seu quarto. Ela vira seu rosto e olha para o quadro que Ana lhe deu, a mesma caminha até ele e coloca seus dedos sobre. |
YURIKO {Lacrimejando} - Eu preciso vê-lá, Ana.
| Yuriko se afasta e vai até a janela, onde olha por fora. A forte brisa bate em seu rosto, deixando seus cabelo aos ventos. |
YURIKO {Séria} - Está na hora...
| A CAM mostra-se por fora a janela do quarto de Yuriko sendo fechada. |
- SOM OFF. -
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CENA 10: INTERIOR. CASA NABUCO. CORREDORES. NOITE
| Chinara caminha pelos longos corredores da casa em silêncio. Um grito abafado mais a frente é ouvido, Chinara estranha e anda até a direção desses gritos. A tonalidade desses gritos se tornam mais altos, ela encosta sua cabeça e tenta ouvir com mais profundidade. |
JOAQUIM - Chinara?
| Chinara se afasta da porta assustada com a presença de Joaquim. |
JOAQUIM - O que houve?
CHINARA - Eu estou ouvindo gritos de socorro vindo deste quarto, Joaquim. O que está havendo?
JOAQUIM {Sério} - Vamos embora daqui, Chinara. Não há nada com o que se preocupar, Chinara.
CHINARA {Assustada} - Como não? Tem uma pessoa dentro desse quarto pedindo por ajuda!
JOAQUIM - Chinara...
CHINARA {Séria} - Vosmecê sabe o que está acontecendo, e não quer me dizer. Se quer tanto minha confiança então abra está porta.
JOAQUIM - Eu não acho que irá gostar do que vai ver.
CHINARA - Abra a porta, Joaquim.
| Joaquim reluta, mas pega a chave de seu bolso. |
CHINARA - O que há dentro daí?
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CENA 11: INTERIOR. QUARTO DE BALTAZAR. NOITE
BALTAZAR {Gritando} - SOCORRO!!
| A porta é aberta, e Baltazar se surpreende. Lá sai, Chinara e Joaquim que adentram o quarto. |
CHINARA {Chocada} - Meu Deus... É vosmecê!
BALTAZAR {Surpreso} - O que está negra está fazendo aqui?
CHINARA {Apavorada} - O que esse homem faz aqui, Joaquim? O que esse maldito está fazendo aqui dentro trancado no quarto de sua casa??
JOAQUIM - Ele é meu pai, Chinara. Baltazar é meu pai!
| Focos alternados entre Baltazar e Chinara. |
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CENA 12: INTERIOR. CELEIRO. NOITE
| Uma escuridão predomina, uma única luz clareia uma parte do celeiro. A CAM acompanha Yuriko que segura uma vela em mãos, ela está nervosa e seu andar é calmo. |
YURIKO {Falando baixo} - Ana? Onde você está?
| Ela continua a caminhar, quando sente algo tocando em suas costas. Um sorriso se abre em seu rosto. |
YURIKO {Sorrindo} - ANA!
| Ela se vira, seu sorriso se desmancha e seus olhos se arregalam. Sua respiração falha, ela não acredita no que vê. Yuriko já está completamente amedrontada, sem saber o que fazer. |
- SOM ON. -
https://youtu.be/DZlgkJmGmeQ
RAIJIN - Esperava por Ana, Yuriko?
YURIKO {Gaguejando} - Por favor, Raijin...
RAIJIN - Me traindo na cara dura? Acha que não vi você sair da fazenda? Logo suspeitei do que se tratava, é uma pena que tenha me traído deste modo.
YURIKO {Lacrimejando} - O que vai fazer?
RAIJIN {Sério} - Irei te ajudar, Yuriko.
YURIKO - Ajudar?
RAIJIN {Sorrindo} - Tirarei esses demônios internos que percorrem seu corpo, que lhem causam esses sentimentos infelizes dentro de você. É a única forma de lhe salvar dessa monstruosidade!
YURIKO {Amedrontada} - O que está fazendo, Raijin?
| Raijin prende Yuriko com as mãos na parede, sua respiração árdua se coloca em frente ao rosto da mesma que está tremendo sem conseguir se soltar. |
YURIKO {Chorando} - NÃO FAÇA ISSO, POR FAVOR!
RAIJIN {Sorrindo} - Eu vou te salvar, não tenha medo. Vai doer só um pouquinho, está bem?
YURIKO {Chorando/Gritando} - SOCORRO!
| Raijin tampa a boca de Yuriko com a mão, fazendo seus gritos serem abafados. Ele desabotoa sua calça e sorri para ela. Pronto para iniciar o ato, é ouvido um barulho por de trás dele, ele se vira e leva uma pancada em sua cabeça caindo ao chão. |
YURIKO {Surpresa} - Ana!
ANA {Furiosa} - Desgraçado! Nunca mais toque um dedo nela, seu miserável!
| Yuriko corre para abraçar Ana. As duas se olham e se beijam. |
YURIKO {Chorando} - Eu achei que ele...
ANA - Não se preocupe, meu amor. Esse nojento nunca mais relará um dedo em vosmecê!
| Yuriko abraça Ana, mas nota uma poça de sangue se formar em meio a elas. Ela segue o caminho, que vai até o corpo de Raijin jogado ao chão de bruços. Ela caminha até o corpo, e se ajoelha, conferindo a pulsação. |
ANA - O que foi, Yuriko?
YURIKO {Apavorada} - Ele... Ele está morto, Ana! Raijin está morto!
👒 • A IMAGEM CONGELA E SE EMOLDURA EM UMA PÁGINA DE LIVRO. AO SE FECHAR NA CAPA ESTÁ ESCRITO, "DAMAS DO PASSADO". • 👒
[Encerramento]: https://youtu.be/wW9hWTmzI3s
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