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Pedras do Rio: Capítulo 39 - Último. - (Continuação)


CENA 8: Ilha. Casa de Eunice. Interna. Dia

Eunice está com a barriga enorme, e já está em seu oitavo mês de gestação. A campainha toca e ela sai para abrir. Olívia entra.

EUNICE — Oi Olívia. Fiquei preocupada quando você ligou. O que de tão importante você tem pra me falar?

OLÍVIA — É uma coisa muito importante. Uma coisa que vai mudar a sua vida. É uma coisa que eu estava tentando encontrar uma maneira de te contar há meses.

EUNICE — Meu Deus, o que é? Agora tô ficando assustada.

OLÍVIA — É que na verdade... Eunice eu sou sua...

Olívia é interrompida por um gemido de dor de Eunice. Um líquido escorre por sua perna.

OLÍVIA — O que foi, Eunice? Está tudo bem?

EUNICE — (nervosa) Não, não tem nada bem. Olívia eu acho que.... eu acho que minha bolsa estourou.

OLÍVIA — O quê?

Podemos ouvir o som de um enorme trovão e em seguida a acaba a energia na casa e uma chuva muito forte se inicia.

EUNICE — Vamos pro hospital ago... - solta mais um gemido de dor devido as contrações -

OLÍVIA — Pelo visto não vai dar tempo. Vamos ter que fazer o parto aqui mesmo.

EUNICE — Tá maluca Olívia?

OLÍVIA — Calma, eu sou médica esqueceu? Vamos subir.

EUNICE — De jeito nenhum. Nós temos que ir pro hospi... - sente mais uma contração - Que dor maldita!

OLÍVIA — Vamos subir logo Eunice. Não dá tempo de ir para o hospital.

Quarto.

Eunice entra no quarto arrastada por Olívia. Ela se deita na cama e abre as pernas.

OLÍVIA — Tira a calcinha Eunice.

EUNICE — Eu não vou tirar calcinha nenhuma!

OLÍVIA — Tem que tirar Eunice, tem que tirar. Não tem jeito.

Eunice sente mais uma contração.

EUNICE — Tira essa merda, tira logo.

Olívia tira a calcinha de Eunice e inicia o trabalho de parto. Eunice desmaia de cansaço.

CENA 9: Gleriver. Presídio. Interna. Dia

Laurência é jogada dentro de uma cela comum junto com várias outras presas.

PRESA — Mais uma? A cela já não está lotada de mais não?

LAURÊNCIA — Não sei. Acabei de sair do tribunal e me jogaram aqui.

PRESA — Qual foi tua pena?

LAURÊNCIA — A máxima, 30 anos. Vou morrer dentro desse buraco.

PRESA — E o que você fez pra ter uma pena desse tipo? Matou o presidente?

LAURÊNCIA — Infelizmente não. Na verdade foi por ato de terrorismo.

PRESA — Espera, você não é a Laurência? Aquela que jogou a bomba aqui?

LAURÊNCIA — É... sou eu. Por isso que eu estou aqui.

A presa desce da cama em que estava sentada e parte pra cima de Laurência.

PRESA — Tu sabe quanta gente você matou com aquilo? O meu filho trabalhava no room, sabia desgraçada? E agora ele tá debaixo da terra por sua culpa!

A presa dá um soco em Laurência e a derruba no chão.

PRESA — Agora tu vai comer o pão que o diabo amassou, sua vagabunda!

Ela cospe em Laurência, que estava imobilizada devido ao soco.

CENA 10: Gleriver. Casa de José. Interna. Dia

José e Fernando acabam de chegar em casa após o julgamento de Laurência.

FERNANDO — Não vou mentir vô, eu fiquei com um pouquinho de pena da Laurência. Ela vai ficar na cadeia até morrer.

JOSÉ — É triste mesmo. Mas ela está colhendo o que plantou. Ela fez coisas horríveis. As pessoas só lembram da bomba, mas esse não foi o único crime que ela cometeu. É cruel, mas a justiça tem que ser feita.

FERNANDO — Pior que é verdade.

O celular de Fernando começa a tocar. Ele pega para ver quem é.

FERNANDO — É a Ágata.

JOSÉ — Nossa, ela tava sumida né?

FERNANDO — É, ela está viajando por aí.

JOSÉ — Manda um beijo pra ela.

FERNANDO — Pode deixar. Vou lá atender.

CENA 11: Ilha. Hospital. Interna. Noite

Eunice acorda no quarto do hospital bem fraca. Manoel está com ela.

EUNICE — Manoel? Onde é que eu estou?

MANOEL — Você está no hospital. Fica calma, você tem que repousar.

EUNICE — E meu filho? Cadê o meu filho?

MANOEL — Tá na maternidade. Tá tudo certo com o seu filho. Agora descansa. Você teve uma hemorragia na hora do parto, precisou até de doação de sangue.

EUNICE — Doação de sangue? Quem que doou sangue pra mim?

MANOEL — A Olívia.

EUNICE — E ela era compatível comigo?

MANOEL — Claro que sim, ela é sua mãe.

EUNICE — É o quê?

MANOEL — Acho que eu falei merda, né?

EUNICE — Que história é essa de que a Olívia é minha mãe?

MANOEL — Nada, eu devo ter me confundido. Só isso.

EUNICE — Ninguém se confunde com essas coisas. De onde você tirou que a Olívia é minha mãe?

MANOEL — É melhor você descansar Eunice.

EUNICE — Para de falar pra eu descansar Manoel, para de fugir do assunto. Eu quero que você me explique isso agora.

Olívia está no quarto com Eunice e acaba de contar toda a verdade para ela.

EUNICE — Então é isso? Esse tempo todo você sabia que era minha mãe e não me disse nada?

OLÍVIA — Eu não sabia como te contar. Eu fui até a sua casa hoje pra isso, mas aconteceu toda essa confusão e no final não deu certo.

EUNICE — Isso não é motivo. Tem 6 meses que você sabe disso, 6 meses! Esse tempo todo não foi suficiente para você criar coragem pra me contar?

OLÍVIA — Esse tipo de coisa muda a vida das pessoas. Tem que ter cuidado para contar.

EUNICE — Pode ficar tranquila que na minha vida não vai mudar nada. A minha mãe é a Flávia e ponto final. Eu quero você bem longe de mim e do meu filho também.

OLÍVIA — Eu entendo que você está mexida com tudo isso, mas você não pode me afastar do meu neto.

EUNICE — Eu posso, eu sou a mãe. E eu também quero outra médica para cuidar de mim.

Olívia fica muito triste com as palavras da filha, mas contém as lágrimas.

EUNICE — Eu não quero mais ter contato nenhum com você. E pouco me importa se nós somos vizinhas. Se você me ver na rua, passa para o outro lado. Se você tiver no mesmo lugar que eu, saia. Eu não quero te ver nunca mais.

OLÍVIA — Tudo bem... mas alguma coisa me diz que muito em breve você vai mudar de idéia.

Olívia sai do quarto. Eunice desaba em lágrimas.

⛰   2 meses depois..  ⛰

CENA 12: Montanhas. Externa. Dia

TRILHA SONORA > https://youtu.be/g8xIoipyjzo

Carlos e a equipe que está viajando com ele chegam até uma montanha com uma vista muito bonita. Eles começam a bater fotos. Podemos ver Carlos muito feliz e animado com tudo.

A imagem desvanece e abre novamente mostrando ele sentado na montanha observando o céu. Thalita (Monique Alfradique) se aproxima e se senta ao lado dele.

THALITA — É linda a vista aqui né?

CARLOS — É, é muito bonito mesmo. Se eu podesse eu moraria nesse lugar. Isso aqui é o paraíso.

THALITA — Aqui realmente é um lugar que trás muita paz. Mas eu acho que sentiria falta da barulheira da cidade.

CARLOS — Eu nunca morei em nenhuma cidade grande, então não ia sentir tanto esse impacto.

Thalita olha para Carlos que está deslumbrado com a vista e começa a sorrir.

CARLOS — O que foi?

THALITA — Nada, só tô reparando em como você mudou desde que a nossa excursão começou. Você não é mais aquele cara chato e rabujento.

CARLOS — Ei, eu não era um cara chato e rabujento. Eu era só um pouquinho amargo.

THALITA — Só um pouquinho?

Eles sorriem.

CARLOS — Realmente eu me tornei uma pessoa melhor, muito melhor. Finalmente eu consigo ter orgulho da pessoa que eu sou.

Um homem chama os dois para eles seguirem com a excursão.

CARLOS — Acho que agora está na hora da gente ir.

CENA 13: Ilha. Manicômio. Interna. Dia

A câmera passeia pelo local e mostra algumas salas bem sujas. Podemos ouvir gritos dos pacientes. A câmera entra em um dos quartos e mostra Sarah em meio aos doentes, toda descabelada e suja.

SARAH — Eu não aguento mais esse inferno!!!! Eu nem sei como eu vim parar nessa porra!!!

Um doente vai até ela.

SARAH — O que você quer débio-mental? Seus malucos!!! Imbecis!!!

Ela se levanta da beliche em que estava e começa a gritar no quarto.

SARAH — (gritando) Isso é tudo culpa da Rose!!! É tudo culpa dela!!! Aquela maldita, destruiu minha vida.

Ela se ajoelha no chão.

SARAH — (sorrindo) Pelo menos antes de vim parar nesse buraco, eu mandei ela pro inferno.

Ela tem uma crise de risos, que logo se transforma em crise de choro.

A câmera vai se distanciando aos poucos mostrando mais do ambiente sujo e como Sarah está completamente desequilibrada.

CENA 14: Ilha. Casa de Eunice. Interna. Dia

Eunice e Manoel estão conversando.

MANOEL — Como o tempo passa rápido. Parece que foi ontem que a gente tava lá no hospital. Agora o seu filho já está com quase 3 meses.

EUNICE — É verdade, o tempo tá passando rápido mesmo.

Eunice vê Olívia saindo para trabalhar pela janela.

MANOEL — Você não falou com a Olívia ainda depois do dia do hospital, né?

EUNICE — Claro que não. Mas eu confesso que sinto um pouco a falta dela. Ela era minha única amiga... amiga que depois eu descobri que na verdade era minha mãe.

MANOEL — Você vai ter que aprender a lidar com isso Eunice. Uma hora ou outra vocês vão ter que se falar.

EUNICE — Eu sei. Mas você pensa que é fácil? (P) Tem certas coisas que a gente não pode esconder das pessoas. Ela não podia ter feito o que fez comigo.

MANOEL — Eunice você pode birrar, esperniar, mas ela sempre vai ser sua mãe. E isso não vai mudar nunca! Vocês deveria chamar ela pra conversar, isso sim.

EUNICE — Eu vou chamar, mas eu preciso de um tempo pra mim também. Eu não posso querer resolver essa situação, se eu não estiver bem emocionalmente.

MANOEL — Tudo bem... vai no seu tempo. Só não demora demais. Nunca se sabe quanto tempo a gente tem.

Eunice fica pensativa.

CENA 15: Gleriver. Casa de José. Interna. Dia

Fernando está sentado, conversando com Renato no computador.

RENATO — E aí? Como é que estão as coisas aí em Gleriver?

FERNANDO — Tudo bem. Quando você vem aqui me visitar amor?

RENATO — Não sei... estava pensando de ir semana que vem.

FERNANDO — Ainda bem, estou com muita saudade.

A campainha toca.

RENATO — O que foi?

FERNANDO — A campainha está tocando.

RENATO — Então depois a gente se fala, amor. Beijo.

Renato desliga. Fernando sai para abrir. Assim que chega até a porta, não encontra ninguém, apenas uma caixa.

FERNANDO — Que estranho. Quem será que deixou isso aqui?

Ele segue até a mesa e abre a caixa. Dentro da caixa ele encontra várias fotos suas e embaixo delas um abaixo-assinado com mais de cinco mil assinaturas pedindo para que ele seja o novo governante de Gleriver. Ele fica muito emocionado com tudo aquilo.

José chega até ele querendo saber quem havia tocado a campainha.

JOSÉ — O que é tudo isso aí, Fernando?

FERNANDO — Isso aqui é o meu propósito de vida vô.

JOSÉ — Não entendi...

FERNANDO — O senhor já vai entender.

Fernando sai de casa.

CENA 16: Gleriver. Externa. Dia

Fernando segue até a praça central de Gleriver. Assim que chega ele se posiciona ao centro e várias começam a se aproximar.

FERNANDO — Hoje foi o dia mais emocionante da minha vida. Receber uma carta com milhares de assinaturas pedindo para que eu me torne o governante de Gleriver... vocês não tem ideia da emoção que eu senti. Por isso, com muita honra eu digo... graças a vocês...

A câmera passeia e mostra todos os moradores de Gleriver que estavam ali pres ali presente.

FERNANDO — (gritando) Eu, Fernando Olimpo sou o novo comandante da cidade de Gleriver!

Os moradores aplaudam muito felizes. A câmera foca em Fernando muito emocionado com a cena.

O nome "FIM" aparece sobre a tela. A imagem congela, ganha tons azulados e em seguida tudo é coberto por água. 💧⛰

Encerramento > https://youtu.be/GZxaXrU06QQ <

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