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Meninos e Meninas: Episódio 08

CENA 5: INTERNA. COLÉGIO ANGLO - DIRETORIA. DIA 


Evelly está na sala de Sônia, preenchendo alguns papéis junto dela. 


EVELLY - Eu acabei de mandar mensagem para o cerimonialista. Está tudo pronto. 

SÔNIA - Ótimo. Eu preciso agora que você faça uma lista com tudo que ainda precisa ser feito e entregue para os professores padrinhos de turma. 

EVELLY - Tudo bem. 

SÔNIA - Eu não vou estar presente na festa a noite. Então quem vai terminar de organizar tudo com você são os professores. 

EVELLY - Mas e o troféu de aluno do ano? Sempre quem entrega é a senhora. 

SÔNIA - A premiação vai ficar para outro dia. Até porque as notas tem que ser recontabilizadas. Parece que todo mundo da sua turma resolveu se meter em confusão nessas últimas semanas. 

EVELLY - Entendi. Então, eu só tenho que fazer a lista para os professores, correto?  

SÔNIA - Exato. 


Evelly começa a anotar algumas coisas em seu bloco de notas. 


SÔNIA - Até que você está me saindo uma ótima líder de turma. Muito melhor que qualquer outra da sua sala. 

EVELLY - Obrigada. É sempre um prazer ajudar a senhora. Conte comigo para o que precisar. 

CENA 6: INTERNA. COLÉGIO ANGLO - PÁTIO. DIA 


Sarah e Jade estão deitadas no gramado da escola, bem tranquilas. 


SARAH - Eu nunca pensei que isso fosse acontecer. 

JADE - Isso o quê? 

SARAH - A gente. Tipo, você imaginava que algum dia a gente estaria juntas, deitadas no gramado, igual duas drogadas, sorrindo e... Namorando? 

JADE - Namorando... Às vezes é até estranho pensar que eu estou namorando alguém. Para a sua informação eu já tinha imaginado sim. 

SARAH - Como assim? 


Jade encosta a cabeça no ombro de Sarah. 


JADE - Eu já tinha reparado em você, bem antes da gente ficar. Não dizem que todo ódio tem um pouco de amor? Pois é... Eu acho que isso é verdade. 

SARAH - Eu não te odiava, vai. Eu te achava meio metida. E você era mesmo. 

JADE - Eu sou metida, meu amor. Eu sou Jade Oliveira Moraes. Olha o peso do meu nome. 


Elas sorriem. 


SARAH - Eu gosto de estar aqui com você. Eu tenho medo, mas... Eu acho que a gente vai conseguir passar por isso juntas. 

JADE - Sim, eu também tenho medo. Eu não sei como algum dia eu vou contar isso para minha mãe, mas uma hora ela vai ter que saber. 

SARAH - Qualquer coisa a gente foge. 

JADE - Foge para onde? 

SARAH - Para qualquer cidadezinha pequena. Bem longe de toda essa confusão. 

JADE - Um dia a gente vai. Vamos ter nossa casa, nossos filhos. 

SARAH - Filhos? 

JADE - Filhos. O que você tem contra crianças? 

SARAH - Absolutamente nada. 

JADE - É bom mesmo. 


A câmera vai se afastando das duas, mostrando elas conversando algumas bobagens e rindo bobas. 


CENA 7: INTERNA. CASA DE VICTOR. DIA 


Henrique e Márcia estão sentados conversando. Uma foto impressa de Sérgio está sobre a mesa. 


HENRIQUE - Esse é o homem que matou o seu filho. 

MÁRCIA - Eu não consigo acreditar que seja alguém tão novo. O mundo está perdido. 


Márcia passa as mãos pela cabeça em sinal de frustração. 


HENRIQUE - Eu vou denunciar ele para a polícia. Eu sou viciado em drogas desde os meus quinze anos. Mas eu tô tentando mudar. Pelo meu próprio bem. Acredito que esse seja o meu primeiro passo. 

MÁRCIA - Você está certo, meu filho. Uma pena que com certeza esse menino não vai ser preso. Na verdade, mesmo que fosse não iria mudar nada. Por trás dessas grandes redes de tráfico, existe gente muito maior. Pobre desses meninos que entram nessa vida, em busca de dinheiro. 

HENRIQUE - A maioria passa muita nescessidade, fome. E acaba entrando nisso para tentar dar uma luz para a família. É muito difícil. Eu me sinto muito mal, porque poderia ser eu. Eu e minha irmã somos adotados. Minha mãe sempre conta que encontrou a gente em uma casa de passagem dentro da comunidade. São as nossas raízes. 

MÁRCIA - Muitas mães não tem condições de cuidar dos filhos. Nesse país, as mulheres são tão desrespeitadas que não tem nem direito de escolha a respeito da maternidade. Graças à Deus, você e sua irmã tiveram a oportunidade de sair dessa vida difícil. Mas tem muita gente que não tem essa mesma chance. 

HENRIQUE - Eu sei. É muito triste ver todas essas pessoas sofrendo e saber que... Não tem como fazer nada. Porque não está a nosso alcance. 

MÁRCIA - Um dia meu querido, todo mundo vai ser feliz junto. Não vai mais existir tanta dor, tanta injustiça, eu tenho fé. Ainda tenho. 

HENRIQUE - Eu não acredito muito em Deus não. Mas eu acho que se ele existe, ele não vai deixar as pessoas nessa situação por mais muito tempo não. O mundo não tem mais salvação. 

MÁRCIA - Tem sim. Quem faz o mundo são as pessoas. Infelizmente tem muita gente que não presta no poder. Mas é a geração de vocês que está chegando com toda a força. Vocês podem mudar tudo. Fazer uma nova história. Criar um novo rumo para o nosso país. Depende de vocês. 


Henrique sorri com as palavras de Márcia. 


HENRIQUE - Agora eu entendo porque o Victor é um menino daquele jeito. Ele tem a quem puxar. 

MÁRCIA - O Victor é um menino de ouro sim. Mas você também parece ser um garoto incrível. De coração, eu te desejo tudo de bom. 

HENRIQUE - Eu também. Para a senhora e para o seu filho. Por mais que eu e ele não tenhamos dado certo. Eu acho que acima de tudo, nós éramos amigos. Amores vão e vem, mas amigos sempre ficam. Desejo tudo de bom para ele. 

MÁRCIA - Eu acho que tudo acontece por um motivo. O meu filho se descobriu bissexual se relacionando com você. Você sempre vai ser importante para ele. Mas talvez vocês não nasceram para ficar juntos. 

HENRIQUE - Eu fico feliz que eu tenha ajudado ele a se descobrir, pelo menos. 


Henrique suspira um pouco triste. Ele ainda sente falta de Victor. 


HENRIQUE - Mas... Eu vou superar isso. Talvez demore. Mas eu vou ficar bem. 

MÁRCIA - Posso te dar um abraço? 

HENRIQUE - Claro. 


Eles se levantam e se abraçam. Henrique olha para Márcia de uma maneira diferente. O perfume do cabelo da mulher, agradava a ele. Ao fim do abraço, eles se olham. Os olhos se conectam de certa forma. Como se houvesse uma linha juntando os dois pares de olhos. Henrique desce os olhos para a boca de Márcia e cora um pouco. 


HENRIQUE - Agora eu acho que eu já vou indo. 

MÁRCIA - Claro, eu abro para você. 


Eles seguem até a porta um pouco desconcertados. Henrique com um sorrisinho envergonhado e Márcia com as bochechas queimando. 


CENA 8: INTERNA. COLÉGIO ANGLO - ESPAÇO DE EVENTOS. NOITE 


A noite já chegou. O baile de fim de ano já está a todo vapor. Os alunos todos a traje de gala. As meninas com vestidos muito bem feitos, alguns um pouco mais decotados, outros mais longos. Evelly está com um papel na mão, em um canto da festa. 


ALAN - E então? Será que tem como você largar isso aí e me dar um pouco de atenção?

EVELLY - Espera um pouco, amor. Eu estou conferindo o buffet. 

ALAN - Tem duas semanas que você só resolve coisas dessa festa. Quer saber? Eu não vou mais perder meu tempo com você não. 


Alan vira um copo de cerveja e sai de perto de Evelly. A garota observa o rapaz se distanciando, mas não vai atrás. 


CENA 9: INTERNA. COLÉGIO ANGLO - SALA DE AULA. NOITE 


Jade está sentada em uma das cadeiras na sala de aula. Ela usa um vestido um pouco curto em tons azuis. Sua maquiagem tem muito glitter e um batom escuro. Alan que passava pelo corredor adentra o local. 


ALAN - Posso saber o que você está fazendo aqui? 


Jade se espanta. 


JADE - Que susto, menino. Eu quis sair um pouco da festa, meus amigos ainda não chegaram. É proibido entrar na sala agora? 

ALAN - Calma, estressadinha. Foi só uma pergunta. 


Alan vai se aproximando de Jade aos poucos. 


ALAN - Com todo o respeito, você está muito bonita nesse vestido. 

JADE - Pelo visto me declarar para a Sarah na frente da escola inteira não foi o suficiente. Eu sou comprometida, Alan. 

ALAN - Eu sei que esse lance de duas minas deve ser legal e tal. Mas porra, a Sarah nunca vai poder te oferecer o que eu posso. Se é que você me entende. 

JADE - Como você é babaca! Você fala como se pudesse oferecer muita coisa. Mas os boatos que correm por aí é que você é até meio broxa. 

ALAN - Vamos ver se eu sou broxa mesmo. 


Alan agarra Jade e a puxa para perto de si. Ela se afasta. 


JADE - Me solta. Está maluco? 

ALAN - Para de marra vai. Esse seu jeitinho me deixa louco. 

JADE - Não tem marra nenhuma, cara. Eu não quero ficar com você. 

ALAN - Não se preocupa. A Sarah não precisa ficar sabendo. 


Alan puxa Jade mais uma vez. 


JADE - Você está cheirando a álcool. Não é nem nove da noite e você já está bêbado, caralho? Me larga. Eu não quero nada com você. 

ALAN - Quanto mais você se afasta de mim, mais você me deixa duro. Eu quero você. E não é de hoje. 

JADE - Eu não tenho nada haver com as suas fantasias, Alan. Vai bater uma punheta que passa, seu nojento. 


Alan joga Jade contra a mesa deixando ela de costas para ele, encurralada. 


JADE - Alan, você está me assustando. Para com isso. Me larga. 


Alan olha para as câmeras de segurança presentes na sala e nota que todas estão desligadas. 


ALAN - Eu prometo que você vai gostar. 

JADE - Eu não vou gostar de nada, porque não vai acontecer nada. Me solta. 


Alan abre o zíper de sua calça e coloca seu membro para fora. Ao sentir o órgão do rapaz encostando em si, Jade se desespera. 


JADE - (trêmula) Alan, para com isso. Eu vou gritar e você vai se fuder muito. 

ALAN - Você acha mesmo que alguém vai te escutar? Está todo mundo curtindo a festa. Até os professores estão meio bêbados. Só curte o momento. Relaxa... 


Alan sobe o vestido de Jade e abaixa a calcinha da menina.


JADE - Para com isso, Alan. Eu te imploro. Por favor, não faz isso comigo. 


Ele coloca a mão sobre a boca dela, para que ela não faça barulho. Sem pena, ele se força para dentro da menina. As lágrimas começam a escorrer no rosto de Jade. 


ALAN - Nossa que delícia. Você é apertadinha... 


Alan estoca em Jade, com muito desejo. Jade tenta falar, mas não consegue com as mãos dele em sua boca. Ela chora muito. 


ALAN - Já estou acabando. Não é tão ruim assim, não é? 


Ele aumenta a velocidade das estocadas, para o desespero de Jade. Podemos ver algumas gotas de sangue escorrendo pelas pernas de Jade, devido a violência. Alan geme contido. 


ALAN - Se eu soubesse que você era tão gostosa, eu tinha feito isso antes. 


Ele bate nas nádegas de Jade, que ficam muito vermelhas. A menina chora desesperada, sem saber o que fazer. A imagem vai escurecendo aos poucos.  


CENA 10: INTERNA. MANSÃO FERNANDES. NOITE


Sônia e Humberto estão sentados na varanda, tomando um vinho. Sônia bate uma selfie na mansão e posta em seus stories. 


HUMBERTO - Você deveria tomar mais cuidado com o que posta. Vai que eu apareço no reflexo de alguma dessas fotos. 

SÔNIA - Não se preocupa, meu querido. Eu sou bem discreta. E outra, para todos os efeitos eu sou a diretora da escola do seu filho. 

HUMBERTO - Nem me fale desse moleque. Se você soubesse o nojo que eu estou dele. 

SÔNIA - Eu acho que você deveria parar com isso. Eu não sou lá muito a favor da viadada, mas ele é seu filho. 

HUMBERTO - Infelizmente. Sabe, eu cheguei a conclusão que eu não nasci para ser pai mesmo. Isso sempre foi coisa da minha mulher. 

SÔNIA - É uma pena. Eu queria ter filhos. 


Humberto sorri sarcástico. 


HUMBERTO - Filhos comigo? Quantas vezes eu já te disse para esquecer essa utopia de ter uma família? Você é minha amante, Sônia. Ponto final. 

SÔNIA - Não sei porquê eu ainda me submeto a isso. Eu não sou nenhuma prostituta não, Humberto. Que você chama quando quer foder e depois descarta. Eu tenho o meu valor. 

HUMBERTO - Que valor? Sônia, você é como eu. É o nosso destino ser sozinhos. Não queira mudar isso. Você nunca vai ser uma mãe de família. 

SÔNIA - Eu acho melhor eu ir embora, isso sim. Se você não me respeita, eu não faço questão de estar com você. Estou cansada disso tudo. 


Sônia se levanta. Humberto a segura pelo braço. 


HUMBERTO - Sem drama, por favor. A noite está só começando. Vamos para o meu quarto. 

SÔNIA - Não, Humberto. Eu não vou mais ser sua garota de programa particular. Cansei. 

HUMBERTO - Nós somos uma dupla, Sônia. Eu preciso de você e você precisa muito de mim. 

SÔNIA - Você se acha muito importante para a minha vida. Mas assim como eu não sou nada para você, você também não é nada para mim. Eu vou embora agora. Me solta. 

HUMBERTO - Para, vamos para o meu quarto e lá a gente se resolve. 

SÔNIA - Me solta, Humberto. 

HUMBERTO - Para de chilique. O que você está pensando? Não fode. Vamos para o meu quarto. 

SÔNIA - Eu já falei que não, me solta. 


Sônia empurra Humberto. Ele se desequilibra e aos poucos vai escorregando para trás. Humberto bate contra o vidro da varanda e acaba caindo. 


SÔNIA - Humberto!


Sônia se desespera. Em câmera lenta, o homem cai de uma altura de cerca de 10 metros. Quando chega ao chão, está completamente ensanguentado e com os olhos arregalados. 


CENA 11: INTERNA. COLÉGIO ANGLO - ESPAÇO DE EVENTOS. NOITE 


Manu está sentada no chão da festa em um cantinho, aparentemente triste. Ítalo se senta ao lado dela, com uma garrafa térmica. 


ÍTALO - Tudo bem aí, guerreira? 

MANU - Tudo uma merda. Eu não passei. 

ÍTALO - Como assim? 

MANU - Eu não passei de ano. Ano que vem vocês vão para o terceiro, mas eu vou continuar no segundo. 

ÍTALO - Caralho, isso é muito injusto. Tudo culpa dessa filha da puta da Sônia. 

MANU - Mas eu não estou mal só por causa disso. Na verdade, escola é o de menos no momento. 

ÍTALO - Olha que legal, a gente está sofrendo pelo mesmo cara na nossa festa de fim de semestre. Essas vão ser nossas memórias de festinha de colégio. 


Manu sorri. 


ÍTALO - Eu vou embora. 

MANU - Como assim? 

ÍTALO - Eu vou para Paris na próxima semana. Meu pai não me quer mais aqui, depois que descobriu que eu sou gay. 

MANU - Nossa, eu sinto muito. Eu vou sentir muito a sua falta. 

ÍTALO - Eu também vou sentir falta daqui. Da escola, de você, da Sarah e... 

MANU - Do Victor. 

ÍTALO - É... Mas quer saber? O Victor não merece toda essa atenção não. Ele é só um carinha que eu beijei e por coincidência você beijou também. Foda-se o Victor. 

MANU - Foda-se o Victor. 


Manu pega a garrafa térmica que Ítalo carregava e bebe um pouco do líquido contido. 


MANU - Isso não é água, caralho? 

ÍTALO - Claro que não. 

MANU - Que se dane também. 


Manu vira a garrafa. Ítalo sorri da atitude da amiga. Ele pega o seu celular e entra nas redes sociais. 


ÍTALO - Mas que filha da puta. 

MANU - O que foi? 

ÍTALO - A vaca da Sônia está na minha casa. 


Ítalo mostra os stories de Sônia em sua casa para Manu. Ela estranha. 


ÍTALO - Na verdade... Eu tive uma ideia. 


Ítalo se levanta e estende a mão para Manu. Ela fica de pé. 


MANU - O que foi? 

ÍTALO - A gente vai para a minha casa, mandar essa velha tomar no cu. 

MANU - Não, Ítalo. Sem mais confusão. O seu pai está lá. Eu não tenho essa cara de pau. 

ÍTALO - Aquela casa é mais minha do que do meu pai. Você vem comigo. 

MANU - E a gente vai como? 

ÍTALO - A pé. A minha casa é aqui perto. 

MANU - Não, calma... Você, Ítalo Fernandes, está me chamando para andar a pé em São Paulo essas horas? 

ÍTALO - Sem tanta sensatez, Manu. Só vamos. Eu não tenho nada para roubarem mesmo. 

MANU - Você pode ser roubado, meu filho. Para te sequestrarem é daqui para li. 

ÍTALO - Cala essa boca e vamos. 


Ítalo puxa Manu pelo braço e os dois saem a caminho da saída da festa, andando meio desgovernados pela bebida. 


CENA 12: INTERNA. COLÉGIO ANGLO - SALA DE AULA. NOITE 


Jade está jogada no chão da sala, chorando muito. Evelly passa pelo local e nota a movimentação. 


EVELLY - Tem alguém aqui? 


De primeiro a morena não enxerga Jade que está jogada no chão. Ela vai sendo guiado pelo barulho de choro baixo. 


EVELLY - Jade? O que você está fazendo aqui? 


Jade não responde. Evelly vai se aproximando. 


EVELLY - Anda garota, eu não tenho todo o tempo do mundo. O que aconteceu aqui? Por que você está assim? Me fala. 


Evelly nota o sangue que escorria pelas pernas de Jade, devido ao abuso sexual. 


EVELLY - Jade, eu estou ficando assustada. Eu sei que nós não somos amigas, mas isso não importa agora. O que fizeram com você? 

JADE - (chorando) O Alan... O Alan entrou aqui e... 

EVELLY - O que o Alan fez? 

JADE - (chorando) O Alan me estuprou... Eu juro, eu juro que eu não queria. Eu juro. 


Evelly se assusta com as palavras de Jade. 


EVELLY - Não. Isso não é possível. O Alan jamais faria isso com qualquer pessoa. 

JADE - (chorando) Acredita em mim... Por favor. Eu não tive culpa, eu juro. Eu pedi para ele parar. Por favor, me ajuda. 


Evelly fica sem saber o que fazer. Em um impulso ela abraça, Jade. 


EVELLY - Calma, vai ficar tudo bem. Eu não sei o que aconteceu. Mas vai ficar tudo bem 


Jade desaba por completo nos braços de Evelly, que se desespera. Ela não podia acreditar que o menino que ela mais amava havia abusado de alguém. Não entrava em sua cabeça. 


CENA 13: INTERNA. MANSÃO FERNANDES. NOITE


Sônia chega até o gramado desesperada. Ela segue até o corpo de Humberto. 


SÔNIA - Humberto, fala comigo. Foi um acidente, eu juro. Fala comigo por favor. 


Sônia começa a chorar inconsolável. 


SÔNIA - Eu não queria que isso acontecesse. Me perdoa, por favor. Eu juro que eu não queria. 


Ela abraça Humberto, chorando em cima do corpo. 


SÔNIA - Por favor, não me deixa. Não faz isso comigo. Me perdoa, me perdoa. 


Os olhos de Humberto se fecham, para o desespero de Sônia. Ela grita desesperada por ajuda e com as mãos completamente sujas de sangue. 


SÔNIA - Socorro, alguém me ajuda! Pelo amor de Deus! Humberto, fala comigo por favor. 


Ela olha para as mãos sujas de sangue e grita desesperada mais uma vez. 


SÔNIA - Eu não sou uma assassina, não sou. 


Sônia tenta reanimar Humberto, mas é em vão. O homem está morto definitivamente. 


CENA 14: INTERNA. CASA DE VICTOR. NOITE 


Victor está sentado em sua escrivaninha, um pouco abatido. Em seu computador, podemos ver a sua página em uma rede social aberta. Ele está olhando uma foto dele junto de Ítalo e Manu no dia da festa de halloween na casa de Paola. 


VICTOR - Chega. Eu preciso tomar uma decisão de uma vez por todas. 


Victor pensa na conversa que teve com Jade, há algumas semanas:


"Victor... Algumas vezes a gente se apaixona por uma ideia que a gente criou de determinada pessoa. Eu acho que você sabe muito bem de quem você gosta. Você só não quer falar, não quer jogar no lixo a ideia que você criou. Mas você sabe bem de quem você gosta."


VICTOR - (narrando) A Jade estava certa, para variar. No fundo, eu sabia muito bem de quem eu gostava. Eu não queria falar, não queria mostrar. Mas não tinha como ser essa outra pessoa. 


Sem demora, Victor pega o celular e entra no contato de alguém. Não conseguimos ver quem é, a princípio. Ele começa a gravar um áudio.


VICTOR - Eu sei que... Bem, essa não é a forma mais adequada de fazer isso. Mas eu não posso mais ficar guardando. Eu gosto de você. E eu sei que eu te fiz mal, mas eu gosto de você. Na verdade... Na verdade, eu acho que eu te amo. E eu não sei mais por quanto tempo eu vou te amar. Porque se tem uma coisa que eu aprendi é que nós temos que viver um dia de cada vez. Amanhã eu posso não te amar mais, porque eu sou instável nesse nível e você sabe bem disso. Mas pelo menos por hoje, por agora, não existe outra pessoa que eu pense a não ser você. Ninguém me entende como ninguém. Ninguém nunca me entendeu para falar a verdade. Até que você apareceu. Eu nunca pensei que alguém poderia me completar como você me completa. Se isso de almas gêmeas realmente existe, você com certeza é a minha. Você fala tudo que eu penso antes mesmo de eu conseguir encontrar a palavra certa. Você entende as minhas loucuras e o meu vocabulário de internet meio prejudicado. É a única pessoa que tem paciência para aguentar meus surtos por renovação de algum anime aleatório ou a cada vez que o vocalista do Arctic Monkeys da sinal de vida. A única pessoa que consegue me fazer sair de casa e que deixa minha vó louca com tantas festas. A pessoa que mudou a forma como eu vejo o mundo. Que fez eu entender que a vida é curta demais para ficar perdendo tempo se escondendo. Eu não espero que você me dê uma chance, que você me perdoe, eu não espero nada mais... Eu só quero que você saiba que a vida toda, fui EU quem esperei por uma pessoa como você. Tudo que eu sempre busquei em alguém, eu encontrei em você. 


Victor envia o áudio. Ele encolhe as pernas na cadeira e se abraça, aflito. 


CENA 15: EXTERNA. RUAS. NOITE 


Manu e Ítalo vem caminhando pela rua, bebendo e caminhando tortos, acompanhados de boas risadas escandalosas e sem motivo aparentemente. 


MANU - Eu acho que eu estou um pouco tonta. Não estou acostumada a beber. 

ÍTALO - Tonta é o caralho, você está bêbada porra. 


Uma notificação chega ao celular de Ítalo. Ele pega o celular e vê o áudio de mais de dois minutos enviado por Victor em sua barra de notificações. Logo guarda o celular no bolso novamente. 


MANU - Quem é? 

ÍTALO - O Victor. 

MANU - E você não vai ver? 

ÍTALO - Não... Eu não quero saber dele. 

MANU - Ele se importa com você. 

ÍTALO - Não, ele não se importa. Tem duas semanas que ele não olha na minha cara. Eu arrisquei tudo por ele, e ele me abandonou. 


O semblante de Ítalo fica triste. Seus olhos ficam pequenos, marejados. 


CENA 16: FLASHBACK. INTERNA. MANSÃO FERNANDES. DIA 


DUAS SEMANAS ATRÁS. Victor e Ítalo adentram o quarto do rapaz. Ítalo parece um pouco choroso e tem um corte na boca.


ÍTALO - (off) Naquele dia, o Victor me levou para casa. Eu estava muito nervoso e um pouco machucado, depois da briga com o Alan. Ele cuidou de mim. 


Ele se senta na ponta da cama. Victor se senta ao seu lado e encosta a cabeça no ombro de Ítalo. 


VICTOR - A gente não fez nada de errado. 

ÍTALO - Eu sei que não. Mas é difícil. 

VICTOR - Eu acho que o Alan não vai fazer nada. Nem sei se ele realmente estava gravando, ou só queria infernizar a nossa vida. 

ÍTALO - Se isso cai nos ouvidos do meu pai... Acabou para mim. 

VICTOR - A gente vai passar por isso juntos. Eu prometo. Eu sempre vou estar aqui para você. 


Ítalo olha para Victor emocionado. 


ÍTALO - (off) Ele me prometeu... Ele disse que não ia me abandonar. E agora eu estou aqui. 


Ítalo e Victor voltam a se beijar, dessa vez com mais intensidade. Victor se deita na cama e Ítalo vai por cima dele. 


ÍTALO - Eu... Eu nunca fiz isso. Literalmente com ninguém. Eu tenho medo. 

VICTOR - A gente pode assistir se você quiser. Para você relaxar e esfriar a cabeça. 

ÍTALO - Não... Eu quero isso. Eu quero com você. 


Ítalo cora ao falar. Suas bochechas queimam de vergonha e ele se afoga no peitoral de Victor. Um sorriso bobo escapa de Victor. 


VICTOR - Eu prometo que você vai gostar. E qualquer coisa... Pode me falar, que eu paro. 


Os dois começaram a tirar as roupas, enquanto trocavam beijos. Rapidamente, ambos estavam apenas de cueca. Agora, Victor estava por cima. 


Victor desce lentamente, depositando beijos por toda a extensão do corpo de Ítalo. Passeando devagar por cada parte do garoto, que não tinha um corpo tão definido. 


Devagar, ele retira a cueca que Ítalo usava deixando o membro do rapaz exposto. Ítalo se envergonha um pouco. 


VICTOR - Fica tranquilo. 


Olhando nos olhos de Ítalo, Victor começa a praticar sexo oral no parceiro. Ao sentir a boca quente de Victor entrar em contato com o seu membro, Ítalo soltou um gemido descomunal. Victor continuava lambendo cada canto do membro, com uma atenção especial a glande rosada e inchada pelo prazer. 


VICTOR - Vira de costas. 

ÍTALO - O que você vai fazer? 

VICTOR - Você vai gostar. 


Um pouco inseguro, Ítalo acata o pedido de Victor e vira de costas para ele. Victor passa a língua pelas nádegas de Ítalo e aos poucos vai chegando perto de sua entrada. Ítalo geme quando finalmente sente a língua de Victor fazendo movimentos de vai e vem, dentro de si. 


Victor vai aumentando a intensidade do ato aos poucos e os gemidos de Ítalo também vão se intensificando. Quando nota que o parceiro está prestes a chegar ao ápice, Victor para. Ele se deita ao lado de Ítalo novamente. 


ÍTALO - Eu posso tentar em você? 

VICTOR - Se você quiser... 

ÍTALO - Você quer? 

VICTOR - O que você acha? 


Victor abre um sorriso malicioso. Eles voltam a se beijar. Ítalo deposita beijos pelo pescoço de Victor e em seguida vai descendo. Ele passa a língua pelo corpo sarado de Victor e mais rapidamente, chega até a cueca dele. 


Sem demora ele arranca a peça. Começa a masturbar o pênis de Victor, que já tinha pré-gozo escorrendo. Ele passa a língua pela glande de Victor, que solta um gemido rouco. 


Ítalo lambe mais uma vez, antes de engolir o membro por completo. Victor passa as mãos pelo cabelo ondulado do moreno. Ítalo vai aumentando e diminuindo a velocidade do ato conforme os gemidos soltados por Victor. 


Após alguns minutos, Victor puxa Ítalo para perto de si. Eles se beijam, carinhosos. 


VICTOR - Se você quiser, a gente pode parar por aqui e eu vou para casa. 

ÍTALO - Não... Eu quero continuar. 


Ítalo fala um pouco envergonhado. Victor se derrete. 


VICTOR - Mas... Eu não tenho preservativo aqui. 


Ítalo estende a mão e abre uma gaveta, puxando uma cartela de camisinhas. 


ÍTALO - Serve isso aqui? 

VICTOR - Meu Deus... Para quê você guarda tudo isso dentro do seu quarto? 

ÍTALO - Precaução. O maior medo do meu pai é ter um neto. 


Eles sorriem e logo voltam a se beijar. Victor sobe por cima de Ítalo e coloca os preservativo sobre o próprio pênis. 


VICTOR - Tudo bem? 

ÍTALO - Tudo bem. Eu confio em você. 


Ítalo abre as pernas e Victor se posiciona colocando o membro na entrada do rapaz. Eles cruzam as mãos. 


VICTOR - Eu vou tentar. 


Victor faz força para penetrar Ítalo, que geme de dor com a tentativa. 


VICTOR - Quer que eu pare? 

ÍTALO - Não... Continua, eu preciso me acostumar. 


Victor faz força e consegue ficar completamente dentro de Ítalo, que geme novamente mas agora de prazer. Victor começa a estocar no rapaz, olhando em seus olhos. Eles se beijam. 


ÍTALO - Eu te amo... 

VICTOR - Eu também te amo. 


Eles voltam a se beijar, enquanto alguns gemidos escapam de suas bocas. Aos poucos Victor vai aumentando a intensidade. A câmera vai se afastando mostrando os dois se amando. 


CENA 17: EXTERNA. RUAS. NOITE 


Algumas lágrimas escorrem pelo rosto de Ítalo, mas logo ele enxuga e toma outro gole de bebida.


ÍTALO - Ele falou que me amava... Eu me entreguei para ele. E depois ele não falou mais comigo. 

MANU - Eu acho que o Victor gosta de verdade de você. Por mais que me doa falar isso, eu acho que o pior cego é aquele que não quer enxergar. Vocês tem uma conexão incrível. 

ÍTALO - Chega de falar do Victor. A minha casa é logo ali, vamos. 


Ítalo e Manu vem caminhando pela rua claramente alterados. A imagem está um pouco turva. Os dois vem quase que arrastando um ao outro, já que estão completamente bêbados. 


ÍTALO - Caralho... A gente tá muito bêbado.  

MANU - Ítalo vo-você tem certeza? Tipo... Eu acho que a gente tá meio drogado, sei lá...  

ÍTALO - A gente já está chegando na minha casa. Vamos mandar essa velha tomar no cu. 

MANU - Você tem certeza? 

ÍTALO - Vamos, vamos. 


O som vai ficando abafado, a ponto de que consigamos apenas escutar algumas risadas espalhafatosas dos dois. Eles seguem a caminho da casa de Ítalo. A câmera vai se afastando deles. 


[Encerramento]: https://youtu.be/3hi2U8t2ZBs



 

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CENA 5: INTERNA. CASA DE VICTOR. DIA Márcia está na cozinha, preparando o almoço. Ela recebe uma mensagem. MÁRCIA - Quem será, uma hora dessas? Ela vai até o celular e logo abre um sorriso, ao ver duas novas mensagens de Henrique. Tem uma foto dele experimentando o uniforme do Colégio Anglo e um áudio. HENRIQUE - (áudio) Eu te prometi que eu iria voltar para a escola e eu realmente vou voltar. Eu fiz minha matrícula no Anglo hoje. Quando eu parei os meus estudos só faltava um ano para acabar, então eu vou estudar com o Victor agora. Eu acho que vai ser bom para mim. Márcia começa a gravar um áudio. MÁRCIA - Eu fico tão feliz que você esteja voltando para a escola. Vai dar tudo certo, para qualquer coisa que você precisar eu estou aqui. Ela deixa o celular sobre a mesa e volta a preparar o almoço, com um sorriso de orelha a orelha no rosto. Eliza chega até ela. MÁRCIA - Bom dia. ELIZA - Bom dia, querida. Eliza nota a felicidade da filha. ELIZA - Posso saber o motivo dessa alegria toda?

The House: Episódio 01

  The House 🏠 Episódio 01 - #Estreia Apresentado por Ana Hickmann Direção Geral: Marcelo Nunes ANA HIECKMAN — Está começando o The House! Sejam muito bem vindos ao nosso reality! Vocês não sabem como eu estava ansiosa para esse momento. Ainda mais com esse elenco maravilhoso, né? Vamos ver como foi a entrada deles na casa. 🏠 Segunda ⏰ 12:11 Um helicóptero sobrevoa a mansão e aos poucos vai abaixando no gramado. Dentro dele podemos ver três pessoas vendadas. O helicóptero pousa sobre o gramado e Romeu, Eduarda e Ana descem tirando suas vendas. Eles ficam admirados com a beleza do local e logo se abraçam. EDUARDA — Ai que tudo!!!! ROMEU — (gritando) Chegamos Brasil!!!! 🏠 Romeu, Eduarda e Ana estão na sala quando escutam o som do helicóptero pousando mais uma vez. Eles correm para ver os novos participantes e assim que chegam no jardim se deparam com Bárbara, Livia e Dandara tirando suas vendas. EDUARDA — Liviaaaaa!!!! Não acredito que você tá aqui. Livia corre e abraça

Novos Ares: Capítulo 35 (Último)

  CENA 09. MANSÃO FAMÍLIA VILLAR/INT./ESCRITÓRIO/DIA INSTRUMENTAL: https://youtu.be/jyrbN8Az378 Cena abre em Beatriz enfurecida, derrubando as coisas de cima da mesa. Seu advogado está em sua frente. BEATRIZ – (Furiosa) Aquele desgraçado. Ele me roubou tudo? ADVOGADO – Parece que sim, dona Beatriz. Segundo o gerente do banco, ele tinha uma procuração sua para movimentar as contas. (Pausa) Ele movimentou todo o seu dinheiro. BEATRIZ – (Arrasada) O que eu vou fazer agora? Como vou pagar as contas? Como vou viver? Isso só pode ser um pesadelo! ADVOGADO – Tentei localizar esse tal de Breno, mas não encontrei nada. Tudo indica que ele é um estelionatário. Vive aplicando golpes e usando identidades falsas. A senhora certamente foi mais um vítima. BEATRIZ – Desgraçado! Maldito. Como eu fui burra, meu Deus. Como fui confiar naquele infeliz. (Pausa) Estou arruinada. ADVOGADO – Levando em conta seus gastos, sugiro que a senhora faça uma readequação no seu estilo de vida. BEATRIZ – Readequação? A