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O Homem Errado: Capítulo 1

CENA 7: SERRANIAS. EXT. MANHÃ

TAKES de pessoas passam em frente da empresa. A fachada é revelada. Carros estacionam e carros saem do estacionamento. Câmera passeia por todo o local, detalhando cada espaço no entorno da empresa Marino e Gouveia. TAKE final na entrada da empresa.

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CENA 8: EMPRESA MARINO & GOUVEIA. SALA DE RICARDO. INT. MANHà

Ricardo Gouveia, em sua sala. Ele aciona o telefone, pedindo que seu advogado suba. Não demora muito e alguém bate à porta antes de entrar. Venâncio abre a porta.

VENÂNCIO: – Me chamou, Ricardo?

Ricardo se levanta da cadeira. Venâncio se aproxima um pouco mais.

RICARDO: – Sim, entra. Acho que você já imagina o motivo de eu tê-lo chamado aqui.

VENÂCIO:  – Não exatamente, mas eu faço uma pequena ideia, Ricardo. 

Ricardo encara Venâncio de maneira firme. 

RICARDO: – Pois, bem. Essa pequena ideia já será de grande ajuda. Como você sabe, o Eduardo saiu hoje da prisão, e pensando nisso, quero que você faça o máximo que puder pra que aquele filho da puta possa ficar o mais longe possível da minha família!

Venâncio, incrédulo, custa a acreditar no que Ricardo pede.

VENÂNCIO: – Tem certeza disso, Ricardo? Não quero questioná-lo, não quero ser atrevido, mas acho que ele não oferece mais nenhum perigo. O Eduardo já pagou por tudo aquilo que fez um dia... E não parece representar nenhum perigo que seja.

RICARDO:   – Eu sei disso, mas seja como for, eu quero ele longe de todos nós. Não quero que ele fique rondando a mim, e também a Helena... Quero cortar esse laço do passado de uma vez por todas. Aquele desgraçado não vai nem pensar em se aproximar de nós!

Ricardo se mostra decidido e irredutível quanto ao pedido que fez.

VENÂNCIO: – Seja como o senhor está pedindo, Ricardo. Hoje mesmo eu estudarei melhor o caso e verei o que posso fazer. 

RICARDO:  – Obrigado, Venâncio... Tudo o que você conseguir fazer pra que o Eduardo não seja nem mesmo uma sombra no nosso caminho já será de grande ajuda.

Venâncio deixa a sala de Ricardo, que por sua vez fica pensativo.

RICARDO (Pensando Alto): – Você não vai conseguir muita coisa com isso, desgraçado assassino. Não vou deixar que você me atrapalhe novamente, não mesmo... Se existe um local em que você realmente deveria estar por toda a vida, esse lugar é aquele presídio... maldito foi o juiz que aceitou o seu recurso, verme!

Ricardo esmurra a mesa com muita raiva. A expressão é brutal. Nos olhos, avermelhados.

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CENA 9: EMPRESA MARINO & GOUVEIA. INT. MANHÃ

Venâncio, inconformado, para diante da mesa de Gisela, a secretária de Ricardo. Venâncio suspira profundamente, aliviado. Gisela se preocupa.

GISELA (Preocupada): - Está tudo bem, senhor Venâncio?

Venâncio a olha de maneira rápida. Ele respira pausadamente, encarando Gisela.

VENÂNCIO: - Não... mais vai ficar, Gisela. Algumas coisas pelo visto acabarão mudando por aqui.
GISELA: - Por que o senhor diz isso? Aconteceu alguma coisa ao senhor Ricardo?!
VENÂNCIO: - Seja paciente e verá sobre o que falo, Gisela... E sim, o Ricardo está bem, apesar de tudo.

Venâncio sorri, um pouco mais despreocupado. Gisela sorri também, sem entender muito bem o que foi dito. Venâncio se despede. Gisela o observa atender ao celular assim que entra na sala.

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CENA 10: CASA DE EMANUEL E MANUELA. SALA. EXT. MANHÃ

Emanuel retorna para casa em sua moto. Para em frente da casa. Fachada da belíssima mansão. Emanuel sai de cima da moto, olhando o celular rapidamente e sorrindo. Ele segue até a porta da casa após entrar pelo portão. Percebe que a porta da casa ainda se encontra aberta, estranha. TAKE final no sorriso em seu rosto que desaparece.

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CENA 11: CASA DE EMANUEL E MANUELA. INT. MANHÃ

Emanuel abre a porta que estavam só encostada. Surpreso, ele olha para o alto da escada, visível assim que a porta é aberta.

EMANUEL (Surpreso): – O que faz por aqui ainda, Manuela? Achei que já tivesse ido há muito tempo.

Emanuel beija Manuela de forma rápida. Manuela desfaz o beijo.

MANUELA:  – Estou esperando o Leonardo, meu amor, ele não chegou até agora.
EMANUEL (Surpreso):  – Aquele imprestável vai com você? Eu realmente não acredito que isso vai acontecer de novo.
MANUELA: – Imprestável, Emanuel? Imprestável?! Meu irmão não é imprestável. Você tem que parar de falar das pessoas desse jeito.

Manuela se mostra profundamente irritada com o comentário. Emanuel não demonstra estar arrependido do que disse, muito pelo contrário.

EMANUEL:  – Está bem! O pior cego é aquele que não quer ver e não vou discutir com você por causa disso. Tenho algo mais importante pra fazer.

Leonardo, irmão de Manuela chega. Ele e Manuel se encaram rapidamente longe do campo de visão de Manuela. Um rápido cumprimento. Os dois seguem para o aeroporto. Emanuel fica por um tempo parado no alto da escada, até que resolve fazer um telefonema. Ele desce rapidamente, parando próximo ao telefone. Emanuel parece se lembrar de algo muito importante.

EMANUEL (Preocupado): – Ele saiu hoje, e agora, como será? Ele não podia ter ganhado liberdade agora. Meu Deus, tudo estará perdido, com certeza ele vai querer se vingar de todos nós!

Emanuel se senta no sofá, levando as mãos até a cabeça, mexido com o que acabara de recordar. Encarando o celular ao seu lado no sofá, parece lutar contra a vontade de pegá-lo e fazer uma ligação.

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CENA 12: CASA DE ISAQUE E VITÓRIA. SALA. INT. MANHÃ

Vitória, inquieta, não passando despercebido por Isaque que acaba ficando impaciente com a maratona realizada por sua esposa na sala de casa.

ISAQUE (Curioso): – O que acontece, Vitória?

Vitória para de andar de um lado pro outro. O seu olhar é de preocupação.

VITÓRIA: – Nada, Isaque. Só estou um pouco preocupada!

Volta a caminhar como se algo realmente a perturbasse.

ISAQUE:  – Com o que você está preocupada? Diga logo. Eu sei que você não vai parar enquanto não disser o que estiver engasgado aí.

Vitória se senta ao lado do marido.

VITÓRIA: - Ora, Isaque! Achei que você já soubesse... O Eduardo saiu hoje da prisão, e fico imaginando...

Isaque a interrompe.

ISAQUE:  – Imaginando o que?  Não há nada pra imaginar, Vitória. Você e suas histórias de sempre, não é mesmo?
VITÓRIA: – Eu não sei como sua frieza ainda me impressiona, Isaque! Você é incapaz de fazer ou de falar algo que ajude... Eu aqui toda preocupada e você aí como se nada tivesse acontecendo, como se daqui pra frente nada fosse mudar.

Vitória se levanta, inconformada com a atitude de Isaque. Isaque se levanta e segue até a janela de casa.

ISAQUE: – O que você quer que eu diga, Vitória? O Eduardo fez uma coisa horrível e pagou por isso.

Olhando para fora, Isaque fica pensativo.

VITÓRIA: – E se não foi ele, meu amor?

Isaque se surpreende com tal questionamento. Ele se vira, encarando Vitória.

ISAQUE: – Que conversa é essa agora, Vitória? O Eduardo fez aquilo sim, está provado... Não tem como não ter sido ele.
VITÓRIA: – Ainda tenho minhas dúvidas... Todos esses anos só me levaram a ter mais certeza de que há muita coisa por trás disso.

Vitória deixa de encarar o marido, seguindo pra cozinha. Isaque pensa nas palavras de sua esposa.

ISAQUE (Pensando): – Se ela estiver certa, se tudo isso tiver cabimento, ele vai querer alguma coisa. Ele vai querer vingança, disso eu não tenho dúvida... nenhum de nós fomos amigos o suficiente, nenhum que esteve naquela maldita noite.

Em Isaque no primeiro plano, pensativo. Vitória em segundo plano, tentando tirar a morte de Paulo da cabeça.

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CENA 13: SERRANIAS. EXT. TARDE

TAKES de várias imagens da cidade fictícia de Serranias. Corta para a fachada da belíssima casa de Duarte Montenegro. Pessoas passam em frente, apressadas. Na garagem, um carro. TAKE final no belíssimo jardim.

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CENA 14: CASA DE DUARTE MONTENEGRO. SALA. INT. TARDE

Duarte pensa no assassinato de seu pai. Virgínia, a governanta e grande amiga observa o jovem pensativo próximo da janela. Duarte se vira e segue em direção a porta.

VIRGÍNIA (Preocupada):  – Onde você vai, Duarte?

Duarte para já com a mão na porta. Olha para Virgínia.

DUARTE: – Vou sair, Virgínia. Estou querendo esquecer um pouco dos problemas, e acho que se eu sair, será mais fácil... Ficar nessa casa justo nesse dia me traz tantas e tantas lembranças.

Virgínia se aproxima de Duarte, tocando seu rosto.

VIRGÍNIA:  – Só não fique pensando muito nisso, meu filho! Não se torture tanto, está bem?!

Virgínia o abraça, sempre foi como um filho para ela.

DUARTE: – Vou tentar. Prometo que vou tentar não pensar em tudo aquilo.

Despontam lágrimas dos olhos de Duarte. Ele sai do abraço de Virgínia e segue pra fora de casa. Virgínia fecha a porta.

VIRGÍNIA (Ainda preocupada): – Proteja ele, meu Deus! Ele já sofreu tanto e nem ele, muito menos aquele homem tem culpa do que aconteceu... Não deixe que meu menino sofra mais, não permita isso.

Virgínia leva uma das mãos ao coração, profundamente sentida. Se aproximando da janela, observa Duarte sair.

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CENA 15: APARTAMENTO DE DEMÉTRIO. SALA. INT. TARDE

Eduardo, sentado, lê um livro, reforçando o hábito que adquiriu na prisão. Demétrio desce pela escada rapidamente. Atende ao telefone que toca insistentemente. Eduardo olha de forma séria para o amigo.

EDUARDO (Preocupado): – O que houve, Demétrio?

Eduardo fecha o livro que lia. Encara Demétrio com preocupação e curiosidade. Demétrio se senta, aflito por conta do telefonema.

DEMÉTRIO (Reticente): – Eu deveria ter lhe contado uma coisa, meu amigo... mas o Estênio me pediu segredo quanto ao assunto, então tive que me calar... Me desculpe!
EDUARDO (Impaciente): – O que tem o meu tio, Demétrio?

Demétrio olha diretamente para Eduardo, que aguarda uma resposta.

DEMÉTRIO (Receoso):  – Ele faleceu, Eduardo! Há alguns dias antes de sua morte, ele me procurou pra pedir que eu não lhe contasse nada sobre a doença que ele tinha, então eu fiquei sem saber o que fazer. Eu queria ter lhe contado, meu amigo, mas eu não podia trair a confiança do teu tio, não podia.

Eduardo, irritado, se levanta do lado do amigo.

EDUARDO: – Você não podia ter feito isso, Demétrio. E meu tio não podia ter escondido que estava doente, porra! Ele era a única família que me restava, o único que ainda também se importava comigo no meio de toda essa gente maldita que um dia ousei chamar de amigo!
DEMÉTRIO: – Ele tentou lhe poupar, Eduardo, entenda. Você sabe muito bem como o seu tio era com relação a qualquer coisa que pudesse machucar você... Mas agora o que resta é fazer o que ele queria que você fizesse, que é assumir todos os negócios que ele deixou.

Eduardo, tocado e frio, enxuga algumas lágrimas insistentes. Ele encara Demétrio, decidido.

EDUARDO:  – Mas eu vou honrá-lo, Demétrio. Vou honrar o sobrenome que carrego... Vou fazer o que eu preciso fazer e provar de uma vez por toda que não sou aquele homem errado que todos pensam que me tornei!
DEMÉTRIO (Temeroso):  – O que você pretende fazer, meu amigo?

Demétrio e Eduardo se encaram. Demétrio com receio da resposta que pode receber, Eduardo mais certo do que nunca do que tem de fazer.

EDUARDO: – Vou usar tudo o que meu tio deixou pra fazer justiça. Vou descobrir quem foi o verdadeiro culpado de ter matado o Paulo, Demétrio!

Eduardo encara Demétrio, olhando diretamente nos seus olhos. Demétrio sente a força  do ódio nos olhos do amigo. Eduardo segue para a porta, decidido.

DEMÉTRIO (Preocupado): - Onde você vai?
EDUARDO: - Eu preciso fazer uma coisa... Me empresta seu carro?! Se não puder, vou a pé mesmo.

Demétrio retira a chave do bolso da calça e joga para Eduardo, que a pega imediatamente.

DEMÉTRIO: - Só toma cuidado com o que você vai fazer, hein?!
EDUARDO: - Eu tomarei... Não vou meter os pés pelas mãos.

Eduardo sai. Demétrio fica curioso para saber o que ele vai fazer.

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CENA 16: CEMITÉRIO. INT. TARDE

Câmera no céu, focando nas nuvens negras que se formam. Um vento gelado sopra. Câmera vai buscar Duarte diante do túmulo do pai, extravasando as emoções.

DUARTE: - O senhor faz tanta falta, pai. Eu queria que o senhor tivesse aqui pra ver o que me tornei, o que sou agora... Mas sei que de alguma forma está olhando por mim e também sinto que o senhor não aprova em nada o que venho tentando fazer, mas é necessário pra que eu dê um ponto final nesse sofrimento... O senhor vai me perdoar.

Duarte enxuga as lágrimas. Uma garoa fina começa a cair. Câmera em Eduardo, parado próximo do carro, observando o rapaz abaixado próximo do túmulo de Demétrio. Volta para Duarte que sente estar sendo observado. A chuva se intensifica. Duarte se vira e vê somente um carro parado. Corta para Eduardo no interior do carro, respirando fundo. Duarte segue até o veículo. Eduardo vê ele se aproximar. Momento de tensão.
Close final em Eduardo.

🃏 • A cena congela nele, tenso. A imagem vai parar em uma carta de baralho em um tom avermelhado que pega fogo logo em seguida. • 🃏

[Encerramento]: https://youtu.be/53D5_chxrgU


 

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